Descobrimentos e expansão portuguesa, História dos
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E notável desde o princípio do século se ia revelando a actividade da Academia nessa edição de documentos. Mais: em 8 de março de 1877 a Academia decidiu mesmo avançar suscitando a escrita de uma “história crítica das navegações e descobrimentos portugueses desde o século XV” (S. C. Matos, Idem, p. 57). Aí proferiu Pinheiro Chagas a sua conferência sobre os Descobrimentos portugueses na África (1877) estimulando essa realização. Reconhecia-se, pois, essa necessidade. Esse encargo foi entregue a João de Andrade Corvo, por morte deste a Pinheiro Chagas e por morte deste ainda a Zófimo Consiglieri Pedroso. Pinheiro Chagas ainda avançará com Os portuguezes na África, Ásia, América e Oceânia... (1890) e com Os descobrimentos dos Portuguezes e os de Colombo (1892). Contributos que se foram acumulando, em tentativa que no entanto se revelou prematura. Ainda não era tempo de se conseguir a realização almejada, e por isso se ficou por vagos projectos por concretizar. Não obstante ter sido alargado o número de fontes e de estudos publicados que o intento afinal terá desencadeado.
Na História de Portugal (1879, 3ª ed. aumentada de 1882), em O Brasil e as colónias portuguesas (1880) e em Portugal nos Mares: ensaios de história e geographia (1889), Oliveira Martins problematiza pela primeira vez a história dos descobrimentos, embora não a autonomize em termos de método e de disciplina do conjunto da História de Portugal. O infante D. Henrique é exaltado como autor e promotor das descobertas: deve-se-lhe a atracção pelo desconhecido Preste João, a tentativa de desfazer as extravagantes lendas sobre o Atlântico tido como Mar Tenebroso – sobre que se sonhavam horrores e maravilhas. No seu ambicioso espírito “cabiam as suas empresas: conquistar o império marroquino, ou pelo menos o seu litoral, para garantir o comércio do Sudão; e ao mesmo tempo conquistar às trevas as ilhas d’esse mar desconhecido, seguindo também ao longo das costas ocidentais para as visitar e explorar. Tenaz e até duro de carácter, D. Henrique sacrifica tudo aos progressos da sua empresa […].” A ele Portugal devia “a honra de preceder as nações da Europa na obra do reconhecimento e vassalagem de todo o globo.” (O. Martins, Historia de Portugal, tom. I, 1882, 166-167) O príncipe instalava-se em Sagres rodeado por uma “academia” como que renascentista de gente culta e perita em cosmografia e arte de navegar. “Dispondo de consideráveis riquezas, estabeleceu um observatório e uma escola de navegação em Sagres, para o estudo da náutica e da cartografia.” (Id., Os filhos..., p. 124)