A “administração central” é caracterizada com rigor e pormenor, analisando as funções e competências dos principais oficiais da corte, órgãos de aconselhamento do rei (cúria régia e conselho), incluindo também a organização e funcionamento dos tribunais superiores. As Cortes são abordadas com profundidade no que se refere à sua origem, composição, atribuições e valor político. A administração local e as instituições municipais são objeto de capítulo próprio, onde a influência de Herculano é expressamente referida. Traça um quadro completo dos concelhos e dos funcionários municipais, bem como dos representantes do poder central ao nível concelhio e regional (corregedores), chamando a atenção para as disparidades existentes entre o Norte e o Sul do país nos primeiros tempos da monarquia. As fontes de direito e as instituições judiciárias são objeto de análise à parte, bem como a condição jurídica dos judeus e mouros. Em suma, pode dizer-se que ultrapassa largamente uma visão meramente jurídico-legal das instituições e procura captar o seu funcionamento e o papel que desempenharam na sociedade.

Um outro, Damião Peres (1889/1976, UP e UC), além da direção da obra é também autor (e em certos casos coautor) dos capítulos de história política da segunda à quinta épocas. É sobre o período liberal que mais incide a sua análise, cuja abordagem institucional se dilui no conjunto da história política, caracterizada por longas descrições de acontecimentos, factos e atitudes pessoais das figuras políticas mais relevantes. As instituições políticas e administrativas são abordadas no seu funcionamento e não nos contornos jurídico-legais que as regulamentam. Tratando de um período em que foram aprovados três textos constitucionais (Constituições de 1822 e de 1838 e Carta Constitucional de 1826), em lado algum se analisam as normas constitucionais ou as diferenças entre elas, sendo necessário apreender as mesmas, de forma difusa, nas descrições que dão conta do seu funcionamento ou dos episódios políticos que nele têm lugar. Exemplificando, ao noticiar a aprovação da Constituição de 1838, refere que o novo estatuto constitucional, “abandonando o radicalismo da Constituição de 1822, não menos se afastava da Carta Constitucional no tocante às prerrogativas da Coroa”, sem contudo descrever qualquer dos textos em causa (Vol. VII, p. 271). Se o poder central não é caracterizado nos seus contornos jurídicos e institucionais, menos o são as instituições judiciais, administrativas, ou militares. Já no período correspondente à I República e ao início do Estado Novo, que constitui o Suplemento publicado em 1954 (quase 20 anos depois do último volume, que terminava na 1ª Grande Guerra), o poder central é abordado de forma mais minuciosa.

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