Procede a uma comparação entre o governo de Lisboa e o Conselho de Portugal (Madrid), bem como a articulação com as três secretarias de Estado. Faz um inventário da administração régia com destaque para o Conselho da Fazenda e Conselho da Índia (no seu entender uma cópia do Consejo Supremo de Índias, 1542) e revê as alterações durante o reinado de D. João IV, passando em revista conselhos, tribunais, juntas, o modelo de despacho e o processo de consultas. O mesmo aconteceu com os seus textos sobre as Cortes: As Cortes de 1385, 1951; As Cortes de Leiria de 1254, 1954; Subsídios para a História das Cortes Medievais Portuguesas, 1961. Também se interessou pelos poderes municipais com trabalhos de grande qualidade, ainda hoje atuais, como A Antiga Organização de Mesteres ma Cidade de Lisboa, 1942; A Administração Municipal de Lisboa durante a 1.ª Dinastia (1109-1383), 1950; Regimento dos Oficiais das Cidades, Vilas e Lugares Destes Reinos, 1955; O Concelho de Lisboa na Crise de 1383-85, 1953. Publicou também “O Município em Portugal” (Revista Municipal, nº 4, Lisboa, CML, 1940). No plano constitucional, haverá que referir a História Breve das Constituições Portuguesas, 1965; História do Direito Português, 1941 e Lições de História do Direito Português, 1961.

A tese de doutoramento de Francisco Paulo Mendes da Luz (1920/…), O Conselho da Índia, 1952, corresponde a um novo estilo por se tratar de uma longa monografia (649 pp), bem documentada com material de arquivo e bibliográfico, sendo, ainda hoje, de consulta obrigatória. Começa por analisar o papel desempenhado pelo Escrivão da Puridade (Pedro de Alcáçova Carneiro) que exerceu o cargo de secretário dos Negócios da Índia (desde 1530) até ser afastado (1568) e substituído pelos três secretários de estado (Índia, Reino e Despacho das Mercês). Depois ocupa-se do reinado de Filipe I, quando são extintas as vedorias e criado o Conselho da Fazenda (1591) para centralizar a administração dos rendimentos da fazenda real, descreve a estrutura e o funcionamento do Conselho da Fazenda e da Junta da Fazenda e o retorno às três vedorias com D. João IV (1641). Sobre o Conselho da Índia começa por referir a sua criação (1604), estrutura e competências, analisa de forma inovadora o conflito com o Conselho da Fazenda, de natureza política e administrativa, recenseia os principais problemas até o Conselho Ultramarino ganhar autonomia (1613), embora acabe por ser extinto por pressão política do Conselho da Fazenda e da Mesa da Consciência e Ordens (1614).

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