Sobre a questão dos estudos regionais e da história local há abordagens mais gerais e introdutórias sobre os problemas metodológicos, como a de Luís Reis Torgal (1987), J. Amado Mendes (1990, alargado em 2000), Jorge Borges de Macedo (1993), de António Oliveira (1995 e 2000) e José Viriato Capela (1995), mas os trabalhos que pretendem fazer uma história da história são poucos e, em geral, de âmbito também regional ou abrangendo um período cronológico mais limitado do que a exigida pelo dicionário. Compreende-se: o levantamento de fontes e a sua análise é um trabalho vastíssimo e requer a constituição de uma equipa que utilize os recursos informáticos para se poder realizar um estudo abrangente que nos permita estabelecer: (i) uma tipologia e um quadro diacrónico das transformações e mudanças verificadas no período considerado; (ii) as condições de produção e de publicação dos textos (artigos ou obras de maior vulto); (iii) a caracterização sociológica dos produtores das histórias regionais e locais; (iv) as relações entre estas abordagens de escala espacial mais reduzida e a história nacional ou mesmo transnacional.
Por isso, a nossa ambição é somente a de traçar um quadro geral sucinto de aspetos que nos parecem marcantes para se compreender a forma como a história foi ganhando uma dimensão própria, no âmbito dos estudos regionais e locais. Para o efeito, foi indispensável o recurso às fontes primárias e aos métodos críticos, a abordagem diacrónica dos factos, acompanhados por maior rigor e objetividade das narrativas, mas sem deixar de dialogar com as outras ciências sociais, em particular a geografia humana e a etnografia/antropologia, no afã de reconstruir o passado dos agrupamentos humanos a uma escala infranacional.
Antes de mais, importa definir conceitos e as escalas espaciais com as quais se opera na história regional e local. Entende-se a historiografia no sentido amplo, como a arte de narrar o passado e de construir a memória dos grupos humanos que são o sujeito dele.