Trata-se da história e da memória de grupos humanos enraizados em espaços infranacionais. O espaço de maior dimensão é a região (do latim, regio) e refere-se a uma área delimitada segundo critérios que podem ser muito variáveis. Os debates sobre a divisão regional são inúmeros e envolvem os especialistas, mormente geógrafos e economistas, mas sobretudo mobilizam fortes interesses políticos no centro do poder e nas periferias. No que à história regional diz respeito, geralmente a antiga divisão provincial é aquela que se revela mais conforme com este tipo de estudos. Nos Subsídios para a bibliografia da história Local portuguesa (1933), o arquivista da Biblioteca Nacional, A. Mesquita de Figueiredo, organiza a apresentação das publicações por seis províncias: Entre-Douro-e-Minho, Trás-os-Montes, Beiras, Estremadura, Alentejo e Algarve. Os arquipélagos dos Açores e da Madeira não foram incluídos no plano da obra. Dentro de cada província, apresenta as “monografias locais” por ordem alfabética das povoações.
Não é por acaso que esta obra está assim organizada. A congénere anterior, escrita por Brito Aranha para a exposição de Paris de 1900, faz uma apresentação mais descritiva, tomando como referência as cidades, as vilas e lugares, os monumentos, as instituições, os usos e costumes, etc. Nesse contexto, algumas publicações que se referem a determinadas províncias são indicadas, sobressaindo de imediato o Algarve e o Alentejo. A província não é esquecida, mas não estrutura a apresentação da obra. A mudança que se verificou, entretanto, foi a emergência do regionalismo no debate político e cultural, sobretudo nos anos 20 e 30, do século passado. Contudo, a província não teve grande expressão político-administrativa e, de um ponto de vista da produção historiográfica, o grosso da produção dos estudiosos é do foro mais local do que regional.
Como refere L. Fernández Prieto, “o espazo de análise histórica é sempre um território para a lexitimación: local, comarcal, rexional, nacional, estatal, europeo…” («Historia local, nacional e transnacional» In Maia. História Regional e local, 1999, p. 102). Ora, as províncias pelo facto de não serem entidades com uma expressão político-administrativa que se tivesse enraizado no território português não conseguiram suscitar a atenção que foi transferida para os concelhos e para o municipalismo. A tradição remonta ao próprio A. Herculano, como é sobejamente conhecido.