Ainda do final dos anos 60, é a monografia de licenciatura de Joaquim Romero Magalhães que viria a ser publicada em 1970, Para o estudo do Algarve económico durante o século XVI. Sob a orientação de V. M. Godinho e a influência da historiografia francesa, a obra insere-se num quadro de renovação que viria posteriormente a dar os seus frutos. A história agrária e rural conheceria, no final da década de 70 e nas décadas seguintes do século XX, um importante surto e atualização científico-metodológica. Mas não só ela, a história em geral e, em especial, aquela que se dedica ao âmbito infranacional expandiu-se de uma forma extraordinária depois de 1974, em resultado da mudança política para a democracia e, sobretudo, fruto do desenvolvimento do ensino superior e da atribuição dos graus de mestrado e de doutoramento. Não foi também alheio ao fenómeno a evolução política das autarquias locais e dos regimes autonómicos nas ilhas atlânticas que disponibilizaram recursos que favoreceram a investigação e a publicação sobre a história regional e local.
Em suma, a historiografia nacional fez um caminho lento no sentido da renovação e da introdução de novas metodologias e problemáticas, sobretudo fora dos meios universitários que permaneciam avessos a mudanças. Porém, a história regional e local manteve-se muito agarrada a fórmulas tradicionais e, dadas as condições da sua produção maioritariamente da autoria de amadores e eruditos locais, só com a expansão do ensino superior e, sobretudo, com os trabalhos académicos de pós-graduação viria a beneficiar de uma significativa expansão e atualização. Importa referir que, já na década de 60, a história local tinha sido valorizada nos trabalhos finais das licenciaturas apresentados nas Faculdades de Letras, o que viria a constituir um incentivo para os licenciados, muitos dos quais professores do ensino secundário e técnicos de organismos regionais e locais, prosseguirem os estudos. A grande renovação da história regional e local viria, por conseguinte, a verificar-se nas últimas décadas do século XX, num contexto político mais favorável e no quadro da expansão do ensino superior que possibilitou a realização de provas académicas e de trabalhos com mais rigor e com ferramentas metodológicas e concetuais mais modernas.