Os segundos relacionavam-se com o contexto cultural do humanismo e do iluminismo que desencadeou um interesse novo pelo desenvolvimento do conhecimento nos vários ramos do saber e, em particular, em tudo que se referia à vida das nações e das suas várias partes, ao passado e às próprias origens. Deste modo, a Academia Real de História (1720) patrocinou várias topografias e pelo menos uma Historia de Santarem, de Ignacio da Piedade e Vasconcelos (1740, 2 tomos). A Academia Real das Ciências (1779) não deixou de contemplar nas várias memórias que foram publicadas – económicas, da agricultura e históricas – diferentes regiões e terras de Portugal.
Nas primeiras décadas do século XIX, num contexto particularmente adverso devido às invasões francesas e às guerras civis, a abordagem corográfica, estatística e topográfica mantém grande importância no quadro dos estudos regionais, o que se irá prolongar ao longo da centúria. Podemos referir como exemplo desse tipo de estudos a publicação a Memoria estadistica sobre o concelho de Lafões, de Joaquim Baptista (1823) ou a Corografia ou memoria economica, estadistica, e topografica do reino do Algarve, João Baptista da Silva Lopes (1841). Contudo, a história e a geografia vão permeando mais esses estudos e enriquecendo-os com novos elementos. Um bom exemplo disso é a obra de Henriques Seco, professor da Universidade de Coimbra, Memoria historico-chorographica dos diversos concelhos do districto administrativo de Coimbra (1853).
Uma parte dessas obras de cariz descritivo assume a forma de dicionários, seguindo o exemplo do padre Luís Cardoso, Diccionario geografico, ou noticia historica de todas as cidades, villas, (…) dos Reynos de Portugal, e Algarve, com todas as cousas raras, que nelles se encontraõ, assim antigas, como modernas (1747-1751). Entre todas podemos referir o Portugal antigo e moderno: diccionario geographico, estatistico, chorographico (…) de Portugal e de grande numero de aldeias, de Augusto Soares d’Azevedo Barbosa de Pinho Leal (1873-1890), uma obra monumental em doze volumes, organizada por ordem alfabética dos nomes de cidades, vilas e freguesias de Portugal com uma informação desigual sobre o respetivo património construído, efemérides e figuras notáveis, bem como elementos de genealogia e heráldica.