Nos Açores, Gabriel de Almeida publicou, já para o final do século, o Diccionario historico-geographico dos Açores (1893). Além das descrições mais ou menos minuciosas do território de tipo corográfico e geográfico, com apontamentos históricos, um género que dominou o panorama das publicações sobre as regiões e as localidades foi os relatos de pendor literário, o qual teve nas Viagens na minha terra, de Almeida Garrett, uma fonte de inspiração (1846). O olhar sobre a diversidade das paisagens e da gente, o pitoresco e os edifícios e monumentos pontuam essas narrativas, por vezes bastante ligeiras, que não descuram também a nota sobre as antiguidades locais e o registo histórico.
Este tipo de obras desenvolveu-se com o progresso dos transportes e comunicações, sobretudo com o caminho-de-ferro, e com o turismo, dando origem aos guias e roteiros de Portugal e das diversas regiões. Alguns exemplares sugestivos: Cintra pinturesca, ou memoria descriptiva da Villa de Cintra, Collares, e seus arredores...., do visconde de Juromenha (1838); O Minho pittoresco, de José Augusto Vieira (1886); a coleção Portugal Pittoresco e Illustrado, de Alfredo Mesquita, onde se destaca Lisboa, com quatrocentas gravuras (1903); os vários trabalhos de Alberto Pimentel, nomeadamente o guia do viajante na cidade do Porto e seus arrabaldes (1877) e O Porto por fora e por dentro (1878). Em 1924, a Biblioteca Nacional publicou o Guia de Portugal, dirigido por Raul Proença, posteriormente prosseguido pela Fundação Calouste Gulbenkian, que é um monumento do género histórico-geográfico e descritivo do país.
Outro tipo de estudos assume um caráter mais histórico e de repositórios de factos relevantes para as memórias locais, compilando informação de diversa índole sobre os sucessos, as figuras, o património, em especial os monumentos artísticos e religiosos, a que se juntavam lendas e narrativas diversas. Numa primeira fase, a base documental desses escritos é rudimentar e baseiam-se muito nas observações e nos testemunhos, em registos que a memória de alguns notáveis locais e as populações foram conservando ao longo de gerações. Os arquivos públicos eram raros, mal apetrechados e ainda pior organizados. Além disso, as ferramentas metodológicas e críticas dos estudiosos revelam-se parcas e a penetração de ideias que valorizavam as fontes e o trabalho arquivístico aturado, minucioso, defendidas com veemência por A. Herculano e por outros autores eruditos antes dele, não encontravam condições para se expandir entre os cultores da história local.