De algum modo esse caminho foi sendo trilhado, se bem que de forma hesitante e com considerável atraso em relação ao que se passava noutros países europeus. Diversos fatores podem explicar esse facto, desde logo o fraco desenvolvimento do sistema de ensino superior em Portugal e o próprio contexto político-ideológico da ditadura e do Estado Novo. Assim sendo, de modo geral, pode dizer-se que é maior a continuidade com o tipo de estudos que se faziam no período oitocentista do que a inovação durante a primeira metade do século XX.
As publicações histórico-corográficas continuaram a merecer o interesse dos estudiosos e foi coligida mais informação proveitosa. Logo no início da centúria, assinale-se o Novo Diccionario Corographico de Portugal Continental e Insular (1902), de Francisco Cardoso de Azevedo, depois aperfeiçoado e reeditado. De maior envergadura foi a publicação de Esteves Pereira e Guilherme Rodrigues, Portugal: diccionario historico, chorographico, heraldico, biographico, bibliographico, numismatico e artistico (1904-1915, 7 vols.), com muita informação útil para a história local. Alguns anos mais tarde ainda é pulicado o Diccionario chorographico de Portugal Continental e Insular (1929-1949, 10 vols.), de Américo Costa. No campo das memórias eruditas, com recurso abundante aos arquivos e fontes documentais, saliente-se a obra de Francisco Manuel Alves, mais conhecido como Abade de Baçal: Memórias arqueológico-históricas do distrito de Bragança (11 vols., 1909-1932).
A lenta organização dos arquivos, o aperfeiçoamento dos métodos de investigação sob os auspícios da já referida “escola metódica” ou “positiva” que, durante várias décadas, vai dominar os meios universitários portugueses possibilitou um certo desenvolvimento de estudos de maior erudição. Contudo, continuou a faltar a publicação sistemática de fontes primárias para o conjunto das regiões do país e os concelhos. Nesse aspeto, distinguiram-se o Gabinete de História da Cidade do Porto, criado em 1936, com a edição regular de Documentos e memórias para a história do Porto e o Gabinete de Estudos Olissiponenses, fundado em 1954, que iria desempenhar idêntico papel em Lisboa.