Faculdade de Letras da Universidade do Coimbra (1911-1974)
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Dentro do positivismo, os actores da História são os agentes do progresso, o qual permite estabelecer uma hierarquia dos acontecimentos, privilegiando aqueles que mais contribuem para a mudança, os quais se encontram na esfera política (François Dosse). E foram-no durante muitas décadas, como se Michelet não tivesse existido, embora, por exemplo, Cerejeira houvesse anotado em 1917, na sequência de outros: a antiga «história era um rosário intérmino de nomes e datas: dir-se-ia que esses homens superiores criaram do nada toda a história» (Clenardo, vol. I, p. 158).
António de Vasconcelos não tinha gosto pela história política, embora a houvesse tentado. Dedicou-se, sobretudo, a algumas modalidades da história local da igreja e das instituições universitárias conimbrigences, as quais tiveram como continuadores, no período que consideramos, Mário Brandão, sobretudo, e M. Lopes de Almeida.
A partir dos anos trinta, no entanto, a história política está presente, embora ao lado de outras feições, na bibliografia de Damião Peres e Lopes de Almeida ou, mais tarde, em Salvador Dias Arnaut ou mesmo na primeira fase de Luís Ferrand de Almeida (1922-2006). História política, diplomática, militar e institucional, sendo esta fomentada pelos historiadores da Faculdade de Direito, alguns deles igualmente docentes na Faculdade de Letras, num tempo ainda em que o estudo das sociedades se não havia imposto. Tendência, de resto, que já pelo menos em 1901 havia sido traçada para o Curso Superior de Letras, havendo o legislador decretado: o estudo da história pátria «versa, em particular, sobre a história política, a diplomática, a colonial e as instituições nacionais». Corrente que estava também de acordo com o que maioritariamente se investigava em Portugal ainda em 1928-1939, como bem demonstra a carismática História de Portugal sob a direcção de Damião Peres, sete volumes acrescidos posteriormente de dois suplementos, o primeiro dos quais, da autoria do director literário, publicado em 1954-1958. Como já foi calculado, nesta obra coube à história política, de longe, o maior número de páginas em relação às outras temáticas.