Faculdade de Letras da Universidade do Coimbra (1911-1974)
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Nesta actividade historiográfica do 4.º Grupo estão ausentes da investigação até aos anos sessenta, com carácter específico, os estudos de História Económica e Social, linha de investigação, como se sabe, aberta em novos moldes em 1928-1929 pelos Annales d´Histoire Économique et Sociale, embora os precursores da História Económica em França tivessem sido Paul Mantoux (1877-1956), Henry Hauser (1866-1946) e Ernest Labrousse (1895-1988), tendo igualmente Portugal, nestes tempos, os seus iniciadores (Lúcio de Azevedo (1855-1933), Francisco António Correia (1877-1933), Moses Amzalak (1892-1978) e, sobretudo na parte social, Costa Lobo (1840-1913).
Os Annales, que não seguiram uma trajectória única, acabarão por abrir uma ofensiva quer contra os historiadores profissionais, quer, como acentuou Carreras Ares, contra os filósofos da unidade da ciência, como os do Círculo de Viena, ao «subsumirem um caso isolado nas leis gerais, como em qualquer outra ciência» (Razón de Historia, 2000, p. 226). Mas a nova historiografia, acentue-se, só vai vingar na Inglaterra e Alemanha muito depois dos anos cinquenta. Vicens Vives, em Espanha, só encontra verdadeiramente a historiografia dos Annales em 1950.
March Bloch era conhecido em Coimbra nos anos quarenta, tempo de grande vigor historiográfico do 4.º Grupo da Faculdade, impulsionado, como outras instituições congéneres, pela dinâmica vinda das comemorações dos duplos centenários e a não entrada de Portugal na guerra mundial. Mas a prática da história-problema, no domínio da investigação, ainda não havia chegado, embora T. Soares, conhecedor da obra de Marc Bloch (fuzilado em 16 de Junho de 1944), tivesse sabido reconhecer de imediato a sua mensagem ao concluir que conseguiu «se não desviar, pelo menos alargar o caminho dos historiadores» («Marc Bloch», RPH, 3, 1947, p. 634-654). Metáfora muito expressiva de quem não estaria para mudar, mas certamente para alargar os horizontes de uma história viva e, certamente, ética, acabando, em 1961, por «reconhecer a necessidade do recurso à conceptualização operativa sugerida pelas fontes» (Marinho dos Santos, a outro propósito).