Faculdade de Letras da Universidade do Coimbra (1911-1974)
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Ausência da Idade Contemporânea que se manifestava igualmente em outras secções da Faculdade, embora contrária à letra do título das cadeiras, a qual formalmente admitia, quanto a História, a leccionação e investigação para além de 1789, a qual, por vezes, foi tentada quanto à história geral. Atente-se, no entanto, que a carga horária atribuída nas diversas reestruturações à cadeira de História Moderna e Contemporânea e à de História de Portugal nem sempre possibilitaria leccionar a contemporaneidade num sistema de cursos intensivos, como então se praticava. Por outro lado, a falta de especialistas nesta área, carência igualmente notada em outros países, as oposições internas a eventuais supressões de cadeiras ou, em contrapartida, o desequilíbrio orçamental pelo acrescento de tempos lectivos, para além do aspecto formal de muita documentação só entrar no domínio público passados cem anos, talvez tenham pesado mais do que uma eventual assunção de um século XIX ideologicamente desvalorizado, se bem que em política há sempre mais do que um sentido a ter em conta. Os combates travados nos nossos dias pela História Contemporânea tiveram, no entanto, o seu paralelo na defesa da História Moderna em relação à prevalência da medievalidade. Ainda por volta de 1933, com efeito, J. de Carvalho louvava o exemplo de Damião Peres por estender a sua actividade de investigação para além da Idade Média. Os tempos modernos estavam «relegados para a curiosidade», quando «tôdas as épocas afinal são dignas da consideração histórica e se prestam como a Meia-idade ao exame circunspecto e científico» («Discursos pronunciados na cerimónia de doutoramento…», Biblos, 9, 1933, p. 503). E no Curso Superior de Letras, já em 1901 se ordenava a diminuição do peso da meia idade em relação à antiguidade e modernidade.
A predominância dos estudos medievais na investigação implicava a publicação de fontes, objectivo que se estendeu à Idade Moderna, tendência peculiar que já vinha do século XIX por parte de historiadores ainda não profissionais, que a supressão das ordens religiosas e a abertura dos arquivos havia permitido, para além da actividade institucional empenhada na recolha das fontes mais antigas. Linha de acção que foi recuperada com vigor por parte dos actuais docentes.