Faculdade de Letras da Universidade do Coimbra (1911-1974)
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T. Soares, a quem se ficou a dever o desenvolvimento dos estudos medievais após A. de Vasconcelos, espírito aberto às novas correntes historiográficas e cultor de discípulos, tendo permanecido em Espanha e Bélgica, estava ao par da bibliografia recente, assim como os seus colegas, como é óbvio, alguma de leitura obrigatória para os alunos de História Medieval. Não desconhecia, portanto, os aspectos económicos e sociais desenvolvidos por alguns destes autores, nem, seguramente, os outros professores, de modo genérico, e nomeadamente Damião Peres, autor de temas económicos, devotado à Numismática (e à casa da Moeda), para além de professor e de investigador da História de Portugal e dos descobrimentos e expansão ultramarina, de que se tornou um alto especialista e um comunicador do saber. Mas também era verdade que as áreas económicas, financeiras, estatísticas e sociológicas não pertenciam aos planos curriculares das Faculdades de Letras, estando estudados os seus inícios e desenvolvimento dentro das instituições acolhedoras, assim como a hostilidade dos começos quanto a algumas áreas. Uma defesa contra uma visão materialista da História e uma suspeição do regime para com as ciências sociais, que permaneceu ainda para além de Abril de 1974, não tornavam possível, dentro da Faculdade de Letras, a instauração curricular de semelhantes matérias mesmo sob o ponto de vista histórico. Mas entre os conteúdos de uma História Geral da Civilização, como era entendida por volta de 1950, não deixariam de ser considerados «regimes económicos, organizações sociais do direito e do Estado, ciência e técnica, ideias morais e religiosas, concepções filosóficas e artísticas [...]» (L. S. Cabral de Moncada, «Introdução ao estudo da História», 1950, p. 104). Alguns aspectos da história económica faziam já parte das lições de G. Cerejeira e de outros professores depois de 1930. Mas no Grupo de História de Lisboa, pelo contrário, existiam docentes que dedicavam a sua investigação a matérias de história económica, os quais seguiram o exemplo de Virgínia Rau, embora politicamente se mostrassem revéis.
Embora sem modelo local de encorajamento, o Grupo de História de Coimbra, no entanto, desenvolveu uma vasta actividade nesta área nos anos quarenta do após guerra, convidando especialistas estrangeiros a proferirem conferências e lições sobre a matéria, editando alguns dos seus resultados, ou acolhendo, entre as publicações do IEH, obras de nítido carácter económico, assim como editando na RPH colaboração do mesmo teor.