Faculdade de Letras da Universidade do Coimbra (1911-1974)
3 / 20
Os inícios dos anos cinquenta marcam o começo de um tempo de novos historiadores, tendo entrado, em 1952, Salvador Dias Arnaut (1913-1995) e o Pe. Avelino de Jesus da Costa (1908-2000), mas acabando por se doutorarem apenas nos finais de 1960. A chegada destes dois novos docentes, a que se juntará, pouco depois, para a cadeira de Arqueologia, João Manuel Bairrão Oleiro (1953), coincide com a inauguração do actual edifício da Faculdade, a qual ocorreu em 22 de Novembro de 1951, mas será necessário ainda esperar quase uma década para se começarem a consolidar, verdadeiramente, novos rumos na historiografia em Coimbra, à semelhança do que se passa no país e mesmo fora dele em algumas áreas nacionais, consubstanciadas na execução da reforma de 1957, como adiante se refere.
O conteúdo das aulas leccionadas pelos docentes, que nem sempre corresponde com exactidão ao teor dos sumários arquivados, permite traçar tendências historiográficas reflectoras do saber histórico nacional e estrangeiro e, naturalmente, das concepções próprias dos docentes, como está estudado, em tempo longo, para algumas disciplinas, ou, de modo pontual, para a acção de alguns dos professores. A investigação, que esteve aliada à docência desde a fundação da Faculdade, permite, por outro lado, confirmar tendências lectivas e igualmente ajuizar das temáticas que se impuseram em cada tempo e o modo como foram concebidas.
O impulso investigador da Faculdade de Letras radica na emoção dos seus começos. As Faculdades, com efeito, participaram na reforma republicana da Universidade, havendo sido geralmente recebida com agrado. O que se pretendia instaurar em História, seguindo a disposição regeneradora da lei orgânica e a letra da constituição universitária, era um ensino activo, não sendo obrigatórias as aulas magistrais, mas sim as dos trabalhos práticos e de investigação. O que havia a evitar, era precisamente «a simples rememoração retórica de factos notáveis, elevando a História à dignidade de ciência pela compreensão e reconstituição do passado por meio de rigoroso processo crítico» (A Faculdade de Letras ao país, 1919, p. 33).