Macedo considerou o pensamento histórico destes autores no contexto alargado da sociedade em que se inseriram, tendo em conta a sua formação, sociabilidade, conexões políticas, aspectos de mentalidade, relação com tradições culturais e inovações conceptuais. Significativo é aliás que a sua lição de concurso para professor catedrático tenha versado precisamente sobre historiografia e historiadores portugueses (intitulava-se Historiografia portuguesa do século XIX. Aspectos fundamentais, 1967). Não esqueceu historiadores maiores como Herculano e Jaime Cortesão. E não descurou estudos de conjunto em que procurou examinar obras historiográficas de um só autor (1995) ou o modo como, no tempo longo, a historiografia britânica interpretou a história de Portugal (1974). A caracterização diferenciada de géneros, a intencionalidade das obras e dos públicos a que se dirigiam eram relevantes direcções de estudo tidas em conta por este historiador.
Os anos 60 e 70, no tempo em que o Dicionário de História de Portugal (1963-71), dirigido por Joel Serrão, rasgava novos horizontes, constituem um segundo momento relevante de renovação e de alargamento do conhecimento relativamente às grandes mudanças na escrita da história em Portugal. Outros autores procuravam traçar perspectivas gerais sobre a historiografia portuguesa: Veríssimo Serrão reunia informação útil sobre autores, conteúdos das suas obras e tendências historiográficas. Por seu lado, Oliveira Marques publicava uma primeira antologia da historiografia portuguesa (1974-75), que constitui um instrumento de trabalho de referência. Precedido de uma abrangente e documentada caracterização de tendências, nela se estabelecem nexos com correntes e figuras da historiografia europeia, caso do grupo dos Annales, com destaque para Lucien Febvre e Marc Bloch, sublinhando a sua influência em Portugal na “escola de Lisboa” - conceito discutível pois, na verdade, coexistiram múltiplas tendências na até então única escola na capital em que se estudava História - a Faculdade de Letras de Lisboa. Nas universidades e na Academia Portuguesa de História, a história da história ocupava um lugar significativo, com a realização de colóquios e a publicação das respectivas actas: A historiografia portuguesa anterior a Herculano (1977), Alexandre Herculano à luz do nosso tempo (1977) e Historiografia Portuguesa de Herculano a 1950 (1978). Já após a revolução do 25 de Abril, em tempo de mudança, aquando do centenário da morte de Herculano (1977) e depois, a presença do historiador continuou bem viva, reeditando-se parte significativa da sua obra e dedicando-se-lhe diversos estudos.