A influência da historiografia francesa em Portugal foi marcante desde a revolução liberal e sobretudo até aos anos 80 do século XX: lembrem-se Ferdinand Denis, autor de uma História de Portugal logo traduzida, mas não se esqueçam Thierry, Guizot, Michelet, Fustel de Coulanges ou Renan (para só citarmos algumas figuras maiores). Com esta presença, cruzou-se o influxo alemão (Schaefer, Niebuhr, Mommsen, entre outros). Para além da obra de Herculano e do já referido Dicionário de História de Portugal (este último marcado pelas concepções ligadas aos Annales), refira-se um exemplo mais recente da marca francófona: desde os anos 80, tal como em França, revalorizava-se a problemática das memórias, reconsiderando a conceptualização de Maurice Halbawchs agora a partir do conceito de lieux de mémoire (Pierre Nora). As comemorações europeias do bicentenário da Revolução Francesa (1989), da viagem de Cristovão Colombo (1992) e dos descobrimentos portugueses (1986-2002), acompanhadas de grandes exposições internacionais, encontros científicos e publicações de carácter muito desigual, contribuíam contudo decisivamente para relançar a reflexão histórica sobre a memória nacional, o comemorativismo e outras ritualizações então desenvolvidas. Pouco depois da entrada de Portugal e Espanha para a Comunidade Económica Europeia (1986), redesenhava-se o lugar dos estados-nações na Europa a partir da queda do muro de Berlim, da desagregação da URSS e da Juguslávia. Discutia-se a viabilidade dos estados-nações numa suposta era pós-nacional. Inevitavelmente estava também em causa a temática das memórias nacionais e do esquecimento. Para tanto contribuiu o incremento do estudo da história e das memórias ligadas ao nazismo e ao estalinismo. A par da forte presença da cultura histórica francesa em Portugal, alargou-se então significativamente a marca das historiografias do mundo anglo-saxónico – também ainda não estudada e que deverá ter em conta os numerosos trabalhos empreendidos, sobretudo a partir dos anos 60, por britânicos e americanos não só sobre o império colonial português, mas também sobre períodos específicos do percurso histórico nacional (pombalismo, I República, Estado Novo, etc.). Lembre-se ainda a chamada Nova História Económica que, a partir dos anos 80, vinha inspirar a revisão da problemática do atraso económico português.