Desde os anos 90, desenvolveram-se teses de doutoramento a abranger territórios e cronologias muito variáveis: o estudo do sistema de divulgação da historiografia, da recepção e apropriação do pensamento histórico no século XIX, bem como um contributo para a sua prosopografia dos divulgadores; a reinvenção da imagem e do pensamento político e histórico dos mais influentes historiadores e pensadores políticos dessa época pelos seus contemporâneos e pela posteridade - Herculano e Oliveira Martins -, a memória construida pelos historiadores do liberalismo em Portugal - ou instituições que patrocinaram os estudos históricos – caso da Academia Real de História.
Mais recentemente, têm-se empreendido estudos comparativos, em âmbitos bem delimitados. Tendo em conta parâmetros como nação, raça, classe, religião e género, produziram-se trabalhos de história comparada entre a história da história em Portugal e no Brasil (1945-2000) e entre a historiografia portuguesa e a historiografia espanhola , entre o pensamento de um historiador português (Oliveira Martins) e de um historiador espanhol (Rafael Altamira) a partir de conceitos de história da civilização. Começou-se a aprofundar o conhecimento das relações intelectuais e vivenciais entre historiadores portugueses e os seus pares de outras nações, brasileiros, espanhóis e franceses e ingleses – casos de Edgar Prestage e de Charles Boxer. Mas impõe-se alargar o estudo destas relações culturais transnacionais. Casos como os dos oitocentistas Ferdinand Denis e Heinrich Schaefer são da maior relevância pois as suas histórias gerais de Portugal tiveram larga audiência em Portugal. Há que estudar os exílios – lembrem-se os primeiros doutrinários do liberalismo em Portugal que, nos finais do antigo regime político em Portugal se exilaram em Londres (José Liberato ou Rocha Loureiro) e o caso já conhecido do Visconde de Santarém que na sequência da vitória do regime liberal (1834) foi viver para Paris onde desenvolveu relevantes trabalhos de história dos descobrimentos e da cartografia. Ou ainda Jaime Cortesão, que Fernand Braudel admirava [“Au Portugal: avant et après les grandes découvertes”, Annales E.S.C., vol.IV (1949): pp.193-196] e que teve que se exilar no Brasil durante largos anos (1940-58). Dispomos já de estudos sobre o período anterior ao segundo exílio deste historiador dos descobrimentos, e outros sobre Fidelino de Figueiredo (até 1927). Mas há que alargar estes trabalhos para o período posterior à saída de Portugal destes intelectuais, quando se instaurou a Ditadura Militar ou (no caso de Cortesão) já durante a II Guerra Mundial.