Para alguns destes trabalhos contribuiu um valioso instrumento: o Repertório bibliográfico da historiografia portuguesa 1974-1994 (1995), que abrangeu um total de 651 autores e tornou possível um estudo prosopográfico deste universo de historiadores. Em contraste com o que se passava durante a ditadura, após a revolução de 25 de Abril de 1974, maioritariamente, os historiadores portugueses passaram a estudar a época contemporânea – o que acompanha a tendência dos seus colegas de outras nacionalidades europeias. Grande parte desses historadores “institucionalizados” – isto é ligados ao ensino superior - eram mulheres (35%). E as temáticas Historiografia, Metodologia e Teoria da História revelaram um sensível incremento (M.H. Cruz Coelho, “Os historiadores e a historiografia portuguesa no pós-25 de Abril”, pp.350-361). Outro inquérito dado a conhecer em 1999 confirmava aquela preferência pela contemporaneidade em livros catalogados (1986-96) e teses de doutoramento (1986-97), mostrando ainda o domínio esmagador de temas de história nacional (85,3%) face ao restrito interesse pela história doutros países, incluindo o Brasil e povos africanos (V.Alexandre, Perfil da investigação... 1999, 9-11). O que contrasta com a preferência que os historiadores britânicos têm concedido aos temas de história estrangeira e aproxima o caso português da historiografias italiana e francesa (mais centradas nas respectivas histórias nacionais) (R.J.Evans, Cosmopolitan Islanders... 2009, pp.12-13 e C.Charle, Homo Historicus, 2013, pp.31-34). Note-se, no entanto, que muitos historiadores portugueses se têm mostrado informados àcerca de outras histórias nacionais, baseando-se frequentemente em fontes e bibliografias noutras línguas que não a sua. Entretanto, os trabalhos preparatórios para um projecto europeu da European Science Foundation permitiram construir uma estatística dos historiadores portugueses, tendo ainda em conta instituições a que estes estiveram ligados (associações, arquivos, museus) e cujos resultados gerais foram dados a conhecer parcialmente (“Portugal”, Atlas of Euopean Historiography, pp.122-124).