Mas no campo da história da história, só no decénio seguinte se pode definir um terceiro momento em que se operou um significativo alargamento de temas e uma renovação metodológica em múltiplas direcções, que coincide, aliás, com a necessidade então sentida de, num plano histórico mais geral, traçar novas sínteses. Este imperativo traduziu-se na publicação - ou início de publicação - de três novas histórias gerais de Portugal (dirigidas por Joel Serrão e Oliveira Marques, José Mattoso e João Medina). Traçaram-se balanços críticos sectoriais, da arqueologia pré-histórica aos primórdios do século XX (La recherche en Histoire du Portugal, 1989). O interesse pelas relações entre história e ideologia, pelos conceitos de história, a história ensinada nos diferentes graus do sistema escolar, as ritualizações da memória histórica – com destaque para o estudo das comemorações –, o periodismo e as instituições a que os historiadores estiveram ligados - caso das universidades, das academias e outras sociedades científicas e dos arquivos – alargaram o campo de observação e compreensão do pensamento histórico num âmbito mais vasto. Uma relevante obra de conjunto, publicada em 1996, sem deixar de conceder centralidade ao pensamento histórico, relacionava-o estreitamente com todos estes domínios, dando conta de novas investigações (L. R. Torgal, J.M. Amado Mendes e F. Catroga, História da História em Portugal séculos XIX e XX).
Outras perspectivas sectoriais enriqueciam, entretanto, este campo de estudos: perspectivas sobre a historiografia ultramarina publicadas no âmbito das comemorações dos descobrimentos portugueses, a historiografia medieval e a presença da Idade Média nas universidades, um estudo de género sobre mulheres historiadoras na segunda metade do século XX – este último com recurso a métodos quantitativos – sobre o campo específico da história rural, ou biografias de historiadores (sobre Herculano ou sobre Teixeira da Mota). Foram-se ainda produzindo estudos parcelares sobre a historiografia dedicada à I República, ao Estado Novo ou, em termos gerais, sobre as historiografias produzidas nesses períodos depois da revolução do 25 de Abril de 1974, em alguns casos com recurso a métodos quantitativos.