O interesse crítico em relação à historiografia produzida em Portugal manteve-se vivo no período da Monarquia Constitucional. Exemplos disso foram os largos debates a que deram origem à História de Portugal de Alexandre Herculano e a História de Portugal de Oliveira Martins (1879). Sintomático é que esses debates se tenham centrado sobretudo na problemática das origens da nação. No primeiro caso, a polémica foi motivada pelo facto de Herculano ter esquecido a tradição mítica e providencialista de Ourique na formação de Portugal no século XII e ter posto em causa uma outra tradição histórica enraízada desde o século XV: a da continuidade entre Portugueses e Lusitanos. Em 1880, o debate sobre a obra de Oliveira Martins incide na argumentação racional usada pelo autor na explicação da formação de Portugal: antes de Renan, Martins defendia um conceito electivo e voluntarista de nação, sublinhando a função da consciência cívica nesse processo de nacionalização e distanciando-se de um determinismo étnico já então muito em voga. Por outro lado, Oliveira Martins traçou um balanço muito crítico da historiografia portuguesa em que importa destacar a pertinente periodização que estabelece da escrita da história em Portugal - distinguindo três momentos sucessivamente marcados pela Academia de História (1720-31), a Academia Real das Ciências (1779-96) e a acção de Alexandre Herculano – e a sua devalorização do romance histórico que considera “género híbrido e falso” (“Notas sobre a historiografia...”, História de Portugal, 1942 [1886], II, 326). Note-se ainda a tese discutível, segundo a qual em qualquer deste momentos, a historiografia nacional não conseguira constituir uma tradição ou “uma escola de estudos históricos”. Este seu criticismo foi também evidente no que respeita a um florescente comemorativismo histórico de inspiração positivista que se afirmou desde 1880 (tricentenário de Camões).
O interesse pela memória histórica - no sentido de memória construida pelos historiadores -, embora de um modo não contínuo, não esmoreceu e foi-se afirmando com alguma frequência ao longo do século XX. Em 1903, surgiu a primeira revista especializada em história - O Arquivo Histórico Português – e já depois da implantação da I República, a Sociedade de Estudos Históricos (1911), com o seu orgão a Revista de História (1911-28), que mantinha relevantes contactos com outras historiografias europeias (nesta última colaboraram Benedetto Croce e Edgar Prestage, entre outros).