Faculdade de Letras da Universidade do Porto 1919-1931 e 1962 ss.
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Quanto a Luís Adão da Fonseca, doutorado em Navarra em 1975 – e lá ensinando até 1981 – com uma tese sobre o condestável D. Pedro, por esses anos trabalhou na presença naval portuguesa no Mediterrâneo, abordando, entre outros, problemas de pirataria e corso. O seu regresso ao Porto em 1981 – com o atingir da cátedra em 1984 – viria a fazer recair o essencial do seu ensino post-graduado nas Ordens Religioso-Militares da Tardo-Idade Média Portuguesa e do século XVI; destaque, entre os discípulos que formou, para Paula Pinto Costa (n. 1966) – estudiosa da Ordem do Hospital, hoje professora da Escola – e para Maria Cristina Pimenta (n. 1961) – estudiosa das Ordens de Avis e de Santiago. Devem-se-lhe biografias de Gama, Cabral e D. João II (este último na já citada colecção) e estudos e edições de fontes sobre os tratados de Windsor e de Tordesilhas.
Mas nesta dialéctica de mestres e discípulos, alguns outros casos se destacam pela sua singularidade.
O primeiro é antes de mais o de Armindo de Sousa (1942-1988). Motivado, de longa data, pela problemática das nossas Cortes de finais da Idade Média, cedo nela pensou como objecto de tese doutoral. Inexplicavelmente, mais não obteve na Casa do que reacções de cepticismo: de João Pedro Ribeiro ou do Visconde de Santarém a Gama Barros ou a Marcello Caetano tudo estaria dito e feito… O providencial (re)encontro com António Cruz – a quem assistiu em Paleografia de 1979 a 1981, i.e., entre a reintegração e a jubilação do Mestre – retransportou-o à sua área de eleição, no âmbito da qual viria de facto a doutorar-se em 1988 (com António Cruz como orientador…; tese editada em 1990). Só que as singularidades não ficariam por aqui. A sua tese doutoral claramente consubstanciaria um caso de resistência à novidade por parte de significativos sectores da comunidade científica. Daí que o Autor ulteriormente tenha retomado alguns pontos essenciais do seu trabalho, no sentido de renovar ou reforçar o essencial da sua argumentação. A Armindo de Sousa se ficariam ainda a dever sólidos estudos no âmbito das representações dos poderes (v.g. a propaganda dinástica ou o discurso cronístico), bem como uma primeira aproximação à história agrária do mosteiro de Santo Tirso, temática no âmbito da qual orientaria duas teses de mestrado. Deve-se-lhe também a totalidade da 2.ª parte (1325-1480) do vol. 2 da História de Portugal, dir. J. Mattoso e colaboração na História do Porto, dir. Luís de Oliveira Ramos, a que adiante se fará referência.