Faculdade de Letras da Universidade do Porto 1919-1931 e 1962 ss.
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Dando por adquirido que a Universidade, a Cidade e o Norte do País jamais se terão conformado com o desaparecimento da Escola, certo será também que só o post-Guerra terá assistido a movimentações minimamente continuadas no sentido de um reaparecimento da FL/UP.
A mais frequentemente citada centra-se em 1947, e ocorre na confluência da UP (Reitor Amândio Joaquim Tavares, 1900-1974, lente de Medicina, titular do cargo de 1946 a 1961), da Câmara Municipal (Presidente Luís José de Pina Guimarães, 1901-1972, também lente de Medicina) e do Instituto de Alta Cultura: trata-se da criação do Centro de Estudos Humanísticos, anexo à UP, ministrando cursos livres de nível superior, financiando pesquisas, editando revistas (Studium Generale, Cale) ou monografias (colecção «Amphitheatrum»). Apontem-se também campanhas de opinião como a do vespertino Diário do Norte (1945 ss.) ou intervenções de deputados portuenses (v.g. Urgel Horta) na Assembleia Nacional.
Curiosamente, a FL/UP vai (re)aparecer no annus horribilis do Regime: 1961, por diploma legal de 17 de Agosto (Decreto-Lei n.º 45 864, de 17 de Agosto, DG, 1.ª ser., n.º 190, da mesma data); numa conjuntura pouco marcada por novidades em matéria de Ensino Superior: a única outra que então ocorre passa pela transformação da Escola Superior Colonial em Instituto Superior de Estudos Ultramarinos (1955) e depois em Instituto Superior de Ciências Sociais e Política Ultramarina, com integração na Universidade Técnica de Lisboa (1960); quando já não estão em funções o Reitor Amândio Tavares e o ministro da Educação Francisco de Paula Leite Pinto (1902-2000), que desde 1955 vinha protagonizando uma algo mais ‘arejada’ – ainda que nem sempre consequente – política para o sector; e quando está em funções um dos mais conservadores elencos governamentais do post-Guerra, saído de duas remodelações subsequentes à Abrilada desse ano (tentativa de afastamento de Salazar por parte de um sector de ministros e de comandos militares liderado pelo ministro da Defesa Júlio Botelho Moniz [1900-1970]); saliente-se entretanto que em Agosto de 1961 está na pasta da Educação o lente de História da UC Manuel Lopes de Almeida (1900-1980), e no respectivo lugar de subsecretário de Estado um licenciado em Histórico-Filosóficas que fora assistente da FL/UL e leitor em Universidades espanholas, Carlos Eduardo Bastos de Soveral (1920-2007), que aliás virá a ensinar na restaurada Escola (1963-1968).