A Faculdade de Letras da Universidade do Porto 1919-1931 e 1962 ss.
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Experiência, e longa, de Ensino Superior detinha-a José António Ferreira de Almeida, detentor de um enciclopedismo de formação claramente típico da Escola de Lisboa: pense-se em Agostinho Fortes (1869-1940), a quem de certa forma sucedeu; titular, na FL/UL como na FL/UP, de regências das mais variadas disciplinas, no Porto procuraria concentrar-se nas áreas histórico-artísticas, onde efectivamente viria a criar um mínimo de estruturas e a deixar posteridade intelectual, isto para além do encontro de condições para o acesso à cátedra (1972); acrescente-se também a proficiência do seu ensino em História da Cultura Moderna e, já nos seus anos finais, em História Cultural e das Mentalidades (séculos XVIII-XX).
A juventude foi, na circunstância, consubstanciada pelos jovens licenciados da Casa recrutados para o Corpo Docente, como já se disse, a partir de 1968. A eles, essencialmente, se deve toda uma modernização de programas e bibliografias, que acabou por fazer com que os licenciados da Escola dela saíssem conhecedores de M. Bloch (1886-1944), G. Duby (1919-1996), J. LeGoff (n. 1924), L. Febvre (1878-1956), F. Braudel (1902-1985), L. Génicot (1914-1995), F. Mauro (1900-1900), R. R. Palmer (1909-2002), J. Godechot (1907-1989) e tantos outros; sem esquecer que, nos anos de 1972 e de 1973, entre os cinco primeiros classificados nacionais no exame de Estado que então coroava o Estágio Pedagógico estiveram justamente alguns diplomados pela FL/UP…
Resta acrescentar dois tópicos neste survol da Escola do Porto antes de 1974:
1) Em 1970 foi criada a Revista da Faculdade de Letras [UP], com diferentes séries segundo os grupos disciplinares da Escola. A História foi naturalmente uma das séries fundadoras, contando tal série inaugural, e até 1975, um total de 4 volumes, um dos quais duplo; nos conteúdos temáticos predominam a Arqueologia e a História Moderna, sendo Carlos Alberto Ferreira de Almeida o colaborador mais assíduo (10 artigos num total de 27).
2) A licenciatura era então, como já foi dito, coroada por uma defesa de tese. De 1967 a 1975 foram apresentados à FL/UP 56 trabalhos desta natureza; o predomínio vai para a História Moderna (e, dentro desta, para os estudos de Demografia Histórica, impulsionados por António Cruz e Cândido dos Santos; o que representou o acompanhar de uma tendência nacional desses anos); mas apontem-se trabalhos de valia significativa na Arqueologia, na História da Arte e pontualmente na História Medieval.