Faculdade de Letras da Universidade do Porto 1919-1931 e 1962 ss.
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Outro caso «sui generis» é o de José Augusto de Sotto-Mayor Pizarro. Destinado, em 1983, a uma tese de mestrado sobre o mosteiro de Pedroso, a descoberta da relação dos «naturais» do mosteiro de Grijó em meados de Trezentos - casa religiosa que Luís Carlos Amaral então trabalhava, como veremos adiante - levá-lo-ia à exploração de tal fonte, do ponto de vista da estruturação da família nobre (orientador José Marques, apoio informal de J. Mattoso). Em 1998 defenderia um trabalho doutoral sobre as linhagens nacionais em tempos dionisinos (1279-1325), agora com J. Mattoso como orientador oficial. Tornado um dos bons conhecedores do século XIII, o novo século vê-lo-ia como biógrafo de D. Dinis (na já mencionada colecção) e editor das Inquirições do monarca em causa (edição da Academia das Ciências).
Refiramos por último Luís Carlos Amaral, desde muito cedo atraído pelo magistério de D. José Ángel García de Cortázar (U. da Cantabria, Santander) no âmbito das ruralidades medievas encaradas como formas de «organização social do espaço», conceptualização / metodologia que haviam já enformado já a sua tese de mestrado (sobre a gestão do património fundiário de S. Salvador de Grijó em Trezentos, 1987, publ. 1994) e que tiveram por agora o apogeu na tese de doutoramento (Formação e desenvolvimento do domínio da diocese de Braga no período da Reconquista [século IX-1137], 2008), incidindo sobre cronia bem mais recuada, tendência com algumas outras manifestações na Casa nos últimos anos. Em co-autoria com Mário Barroca, produziu recentemente uma biografia da infanta e rainha D. Teresa, para a colecção do Círculo de Leitores sobre rainhas-consortes.
É mais complexo um sintetizar da área de História Moderna dos anos 70 para cá, porventura por menor sedimentação de domínios temáticos e investigativos.
Decano da área, Luís de Oliveira Ramos foi, em 1972, o autor da primeira tese de doutoramento em História Contemporânea nas U’s portuguesas, uma biografia do cardeal Saraiva (Frei Francisco de S. Luís), onde se aborda essencialmente a primeira fase da vida deste eclesiástico e a sua dimensão de erudito e historiador. Na FL/UP marcou o ensino de História da Expansão Portuguesa (onde correntemente começou a citar Cortesão, Magalhães Godinho ou M. Nunes Dias, quando tal não era ainda uma atitude corrente), de História Moderna e Contemporânea (com abordagens à independência dos EUA ou à Revolução Francesa; referenciais em J. Godechot [1907-1989] ou R. R. Palmer [1909-2002], por exemplo), de História Moderna de Portugal e de História Institucional e Política (sécs. XIX-XX) (grande referencial em R. Rémond [1918-2007]). Nos anos 90 coordenou uma História do Porto (1994), com colaboração quase integral da casa, de algum modo substituindo a História da Cidade do Porto (dir. D. Peres e A. Cruz, anos 60); mais recentemente deve-se-lhe uma biografia de D. Maria I (na mencionada colecção); e está – interminavelmente ? – no prelo o vol. VIII (1750-1810), com coordenação sua, da já mencionada Nova História de Portugal, de Joel Serrão e Oliveira Marques.