Faculdade de Letras da Universidade do Porto 1919-1931 e 1962 ss.
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Um dia este contemporaneísmo teria no entanto que entrar mais decididamente em Novecentos. Havia antecedentes, é certo, e já desde a década de 70: a I República (e particularmente a Constituinte e os seus deputados, o Texto Fundamental de 1911 e o subsequente Congresso da República) cedo havia atraído o interesse de Luís de Oliveira Ramos, Fernando de Sousa, Francisco Ribeiro da Silva e mais tarde Jorge F. Alves. O final do século XX veria de facto os contemporaneístas portuenses a estudar, por exemplo, os regimes políticos (do Estado Novo aos tempos da Constituição de 1976) e a sua caracterização de fundo (v.g. Manuel Loff [n. 1965] e a questão dos «fascismos» em perspectiva comparada, tema da tese de doutoramento que, em 2004, defendeu no Instituto Universitário Europeu, Florença); a encarar questões de representação política e sistemas eleitorais (Maria Antonieta Cruz); a ensaiar a abordagem biográfica, com Gaspar M. Pereira (Eduardo Santos Silva e Artur Santos Silva [Pai]) ou Jorge F. Alves (episódios da campanha eleitoral de Humberto Delgado, Jorge de Melo); ou a cultivar a História industrial e empresarial, com Fernando de Sousa, Jorge F. Alves ou Maciel Santos (n. 1959) [múltiplas monografias sobre empresas ou sobre a metalurgia portuense].
É óbvio que nem tudo foram rosas na vida do inicialmente 4.º Grupo da FL/UP ao longo das últimas três décadas. De 1981 aos alvores do novo século foi tempo de enquistamento de uma geração decana, ávida de poder mas pouco coordenante com os seus futuros sucessores e predominantemente conservadora: donde, o colocar dos heróis do lusitano «fazer História» quase exclusivamente em figuras como Virgínia Rau (1907-1973), Jorge de Macedo (1921-1996), José Vitorino Pina Martins (1920-2010) ou Joaquim Veríssimo Serrão (n. 1925); e, consequentemente, a tendência excludente de nomes como os de José Sebastião da Silva Dias, Vitorino Magalhães Godinho ou mesmo Oliveira Marques (mas aqui os mais novos souberam impor-se…) e o configurar como lugares maximamente in a Academia Portuguesa da História ou a infausta (pelo menos até 1995…) Comissão Nacional para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses (CNCDP, 1986-2003)…; por estas e por outras, o nosso País acabou por quase não ter participação no programa internacional The Origins of the Modern State in Europe (1300-1800), da European Science Foundation (anos 90); é evidente que cada um acha o que quer; mas pretender que outras gerações tenham exactamente um tal pensar…