A Faculdade de Letras da Universidade do Porto 1919-1931 e 1962 ss.
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Domínio com limitados antecedentes na prática historiográfica da Escola em tempos anteriores a 1974, a História Medieval irá conhecer um desenvolvimento interessante, ainda que nem sempre consequente. Ligam-se-lhe antes de mais os nomes de Humberto Baquero Moreno e de Luís Adão da Fonseca.
O primeiro produziu obra vasta e sólida ao longo das décadas de 60 a 80; a sua monografia sobre a batalha de Alfarrobeira (tese de doutoramento pela Universidade de Lourenço Marques em princípios de 1974) marcou indiscutivelmente época, no quadro de um cruzamento do político e do social; e fez Escola; outro tanto se dirá da atenção às instituições e aos poderes municipais, incluindo a edição de Actas de vereações (v.g. Loulé) e o estudo sistemático das mesmas (Porto, de finais de Quatrocentos a meados de Quinhentos, projecto em execução nos últimos anos da sua docência no mestrado em História Medieval, ca. 1995-ca. 2001). Saliente-se também a coordenação de uma manual de História Institucional e Política de Portugal Medievo (ed. da U. Aberta, 1995, com a colaboração de Luís Miguel Duarte, Maria da Conceição Falcão e Luís Carlos Amaral).
Do magistério (entendido aqui como orientação de teses doutorais) de Baquero Moreno pode dizer-se que saiu, antes de mais, José Marques, antigo aluno de Avelino de Jesus da Costa (1908-2000) no Seminário Maior de Braga e, como ele, estudioso da Arquidiocese bracarense (tema de tese doutoral defendida em 1982 e editada 6 anos mais tarde), neste caso para Quatrocentos e mais concretamente para os tempos do arquiepiscopado de D. Fernando da Guerra (1417-1467); José Marques viria por outro lado a ser, duradouramente, o responsável pelo ensino de Paleografia e Diplomática na Escola portuense, para a qual transportou os critérios de transcrição e edição de textos medievais preconizados pela Commission Internationale de Diplomatique (CID, de que é membro desde 1986), com adaptação ao caso português nos moldes propostos desde os anos 70 por Avelino de Jesus da Costa; do seu próprio magistério sairá Maria Cristina Almeida e Cunha, autora de uma tese doutoral sobre a chancelaria arquiepiscopal bracarense, das origens a 1244 (defendida em 1999, editada na Galiza em 2005). Muitas seriam ainda suas as publicações no domínio da organização e poderes concelhios, forais e povoamento, muito em particular no Interior-Norte do País.