Faculdade de Letras da Universidade do Porto 1919-1931 e 1962 ss.
13 / 21
Um dos primeiros discípulos de Jean Delumeau, Cândido dos Santos foi, enquanto assistente em início de carreira, um dos didactas sistemáticos da História Económica e Social dos sécs. XVI-XIX; mas enquanto historiador, e tirando uma fase inicial em que cultivou a Demografia Histórica, tem sido essencialmente um estudioso da vida religiosa do Portugal de Antigo Regime e da Universidade do Porto (e instituições de Ensino que a precederam). No primeiro destes campos, devem-se-lhe uma tese de licenciatura (1969, depois publicada) sobre a diocese e a Mitra do Porto na vésperas de Trento, uma tese doutoral (1977, com duas ulteriores edições impressas) sobre a Ordem dos Jerónimos e estudos múltiplos sobre aspectos vários da religiosidade dos séculos XVI-XIX, com destaque, no últimos tempos, para o Jansenismo ou para a figura do P.e António Pereira de Figueiredo. Na que toca o Ensino superior portuense, deu-nos para já uma primeira síntese de fôlego do passado da UP (duas edições e uma versão inglesa entre 1996 e 2011) e o início da edição das Actas do Senado universitário (1911-1929; com leitura e transcrição de Flávio Miranda, 2011).
Outro discípulo de Delumeau, Eugénio dos Santos, trabalhou durante algum tempo sobre a Congregação do Oratório no Porto e no Norte de Portugal (teses de licenciatura e de doutoramento, entre 1968 e 1977). Uma fase ulterior viu-o dedicado às missões de interior no Portugal de Antigo Regime. Mais publicista e menos erudito em fases ulteriores, muito voltado para a problemática das relações luso-brasileiras, destacar-se-ia como colaborador da História de Portugal, dir. João Medina, e autor da biografia de D. Pedro IV na colecção já citada a propósito de outros autores.
O terceiro discípulo do autor de Naissance et affirmation de la Réforme foi, como se disse, João Francisco Marques. Estudioso da parenética do período filipino (tese de licenciatura, UC, 1970, orientação de Manuel Lopes de Almeida [1900-1980]) e da Restauração (tese de doutoramento, UP, 1984), este autor rapidamente se converteria no maior especialista nacional na matéria e um dos nomes mais em evidência na História eclesiástica do nosso País na época moderna, incluindo estudos – que produziu ou orientou – sobre o Protestantismo entre nós. Colaborador destacado da História Religiosa de Portugal, dir. Carlos Moreira Azevedo (2000-2002), é indubitavelmente, aos 83 anos, um espírito jovem na Historiografia Portuguesa. Amigo de José Régio (1901-1970, de quem publicou um volume de correspondência com o já mencionado historiador da Arte Flávio Gonçalves) e de Manoel de Oliveira (n. 1908), é de há muito consultor histórico da filmografia deste último.