Tratou-se de uma história universal do comércio e da indústria, única na Península, até então. Para se ter abalançado à ingente tarefa (cerca de três décadas), terão contribuído: a) a escassez de «subsidios para o estudo da historia economica, especialmente nos tempos antigos e da idade media» (Adriano Antero, História Económica, vol. I, 1905, pp. XV-XVI); b) motivações de caráter pedagógico, como professor da temática no Instituto Industrial e Comercial do Porto, do que também terá resultado a adoção do próprio título da obra, como esclarece o próprio autor: «O titulo de Historia Economica é o título oficial, pelo qual, segundo a reforma dos Institutos Commerciaes e Industriais de Emygdio Navarro, sob cuja reforma começou a escrever-se esta obra, era conhecida a cadeira que tratava da historia do commercio e da industria» (Id., Idem, vol. V, 1921, p. inicial). Do plano geral da obra deduz-se o seu caráter didático, a abrangência universal e não nacional, o relevo dado ao comércio e à indústria e a menor atenção conferida aos transportes e comunicações.
O autor atribui papel importante à geografia – em sintonia com uma das tendências da época, patente, por exemplo, na obra de Lucien Febvre –, ao identificar os fatores económicos que exercem influência sobre a sociedade: «situação, superfície, aspecto, clima, população, indústrias e comunicações» (Id., Idem, vol. I, 1905, p. V). Outro autor que se ocupou da história económica – neste caso, de Portugal – foi Francisco António Correia (1877-1938). Ao invés da maior parte dos historiadores referenciados anteriormente – com formação adquirida na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra –, este concluiu com brilho o curso superior de comércio do antigo Instituto Industrial de Lisboa (depois Instituto Superior de Ciências Económicas e Financeiras), do qual viria a ser professor catedrático (1917) e seu diretor (1917-28). Exerceu diversas outras funções. Publicou Política Económica Internacional (1922), Estudos de Política Económica e Internacional (1935) e História Económica de Portugal (vols. I e II, 1929-1931). Esta foi a primeira história económica de Portugal editada, já que a anteriormente referida (de Adriano Antero) é de âmbito universal, como vimos. No prefácio ao I volume, o autor começa por esclarecer: «Na preparação da “História Económica de Portugal” tivemos principalmente em vista concretizar, pôr em relevo, as diversas fases da evolução da economia nacional, com os característicos [sic], que lhe dão uma individualidade própria […].