Todavia, a mais conhecida é a já referida Portugal Económico, na qual se revela acérrimo defensor do agrarismo, tendo exercido influência noutros adeptos da mesma política (como Pequito Rebelo) e no próprio Oliveira Salazar (José Amado Mendes, «Desenvolvimento...», 1996, pp. 198-199). O autor foca uma variedade de temas (terra, propriedade, agricultura, comércio, moeda e finanças), informando, na “Advertência” inicial, tratar-se de história contemporânea, mas que procurou escrevê-la como se fosse história antiga, «sem me preocupar com debates doutrinários, que tantas vezes tolhem a justeza das apreciações» (Anselmo de Andrade, Portugal Económico, p. VI). Apesar desta declaração de princípio, acaba por se envolver nos referidos debates, por exemplo, ao defender uma tese que não consegue provar nem é verdadeira, isto é, que Portugal não era nem nunca poderia vir a ser um país industrial, por lhe faltarem as matérias-primas e o combustível (carvão de pedra). Afirma explicitamente o que, anos mais tarde, não se afastaria muito do pensamento de Salazar: «todos sabem o que é uma multidão de operários na rua, sem trabalho e com fome» (Idem, Idem, p. 341-343). Década e meia após a 1.ª edição da obra (1902), o jovem José Henrique de Azeredo Perdigão (1896-1993), então ainda estudante de Direito da Universidade de Lisboa e futuro Presidente da Fundação Calouste Gulbenkian, refutaria, ponto por ponto, a tese agrarista de Anselmo de Andrade, defendendo a industrialização do país (1916), no que viria a ser seguido, posteriormente, por Ezequiel de Campos, J. N. Ferreira Dias e outros.
A referida obra de Anselmo de Andrade, não obstante o título – ainda tributário das conceções oitocentistas –, é já sobre história económica. Também já foi referida a proximidade da perspetiva do autor com a escola histórica alemã, ao «recorrer ao conceito de economia nacional como unidade basilar» (Carlos Bastien, A divisão..., 2000, p. 17). As referidas conceções oitocentistas estão ainda presentes em obras de outros autores do mesmo período, duas das quais assumidamente logo no próprio título. Ainda que geralmente esquecido, merece ser recordado o nome de Adriano Antero de Sousa Pinto (1846-1934). Formou-se em Direito na Universidade de Coimbra, foi advogado, várias vezes deputado, vice-presidente da Câmara Municipal do Porto e professor do Instituto Industrial e Comercial e do Porto. Autor de várias obras – sobre direito, trabalho, crise vinícola e divórcio –, publicou igualmente História Económica (vols. I a VI, 1905-1925; deixou o manuscrito do vol. VII concluído, quando faleceu, mas mantém-se inédito).