Também as preocupações com a teoria, filosofia e metodologia da história, bem como com o pensamento económico – patentes, por exemplo, nos trabalhos de Borges de Macedo, Magalhães Godinho e Armando Castro – muito contribuíram para enriquecer e reforçar a afirmação da história económica na última fase do período estudado (décadas de 1950-60).
No longo processo de formação e consolidação da história económica em Portugal distinguem-se três fases: a 1.ª – finais do século XVIII ao fim de Oitocentos; 2.ª – primeiras três décadas do século XX; 3.ª – anos de 1940 a 1974. 1ª fase (finais do séc. XVIII-fim de Oitocentos). Estas fases correspondem, grosso modo, aos períodos de divisão do pensamento económico “Economia clássica”, “Pensamento eclético”, “Corporativismo” e Síntese neoclássica-keynesiana” (Carlos Bastien, A divisão do pensamento económico..., 2000). Nos inícios do despertar da atenção para as questões económicas destacou-se o papel da Academia Real das Ciências de Lisboa, fundada em 1779, através da publicação das Memórias da Academia das Ciências de Lisboa (5 ts., 1789-1815). Um primeiro significado de que as Memórias são portadoras consiste no seguinte: «elas consubstanciam um processo de sensibilização e reflexão sobre os problemas económicos nacionais que, no quadro institucional da Academia das Ciências de Lisboa, gradualmente se vinha consolidando» (José Luís Cardoso, «Introdução», Memórias Económicas da Academia..., t. I, 1990, p. XIX).
Tratava-se de fazer um levantamento rigoroso das potencialidades económicas e dos problemas do país, com vista a desenvolvê-lo; mas a iniciativa também contribuiu para a obtenção de um conhecimento mais aprofundado de aspetos que, mais recentemente, vieram a fazer parte dos programas científico-pedagógicos da história económica. Uma parte considerável da dita obra incidia, precisamente, sobre “problemas e mecanismos económicos” (Id., Idem, p. XXVII; Idem, O pensamento económico em Portugal..., 1989 pp.35-123). De certo modo, já então se cultivava a modalidade historiográfica que, atualmente, se denomina “história do presente”. Nas primeiras décadas de Oitocentos há a destacar José Acúrsio das Neves (1766-1834). Tratou-se de uma figura contraditória, absolutista em política mas liberal em política económica (A. Almodovar e A.Castro, Obras Completas de... vol. I, 1983, pp. 19-20).