Todavia, também já foi considerado como «um dos mais lúcidos espíritos da primeira metade do século XIX e, sem dúvida, uma das maiores figuras do pensamento económico em Portugal» (J.Tengarrinha, «Neves, José Acúrsio das (1766-1834)», Dicionário... p. 143-144). Licenciado em Direito pela Universidade de Coimbra desempenhou, entre outras, as funções de juiz de fora e corregedor em Angra do Heroísmo (ilha Terceira, Açores), deputado da Real Junta de Comércio, Agricultura, Fábricas e Navegações, deputado da direção da Real Fábrica das Sedas e Obras das Águas Livres, além desembargador da Relação do Porto. Como já foi salientado, o autor «procura diagnosticar o atraso da economia portuguesa, sustentar a liberdade empresarial, as vantagens da maquinofactura e da introdução da energia a vapor e, em geral, enunciar os rumos da industrialização do país» (Carlos Bastien, A divisão..., 2000, p. 14). Da sua obra económica destacam-se: Variedades sobre Objectos Relativos às Artes, Comércio e Manufacturas (1814 e 1817); Memória sobre os Meios de Melhorar a Indústria Portuguesa... (1820) e Considerações Políticas e Económicas sobre os Descobrimentos... (1830). Análise mais completa da sua biografia e obra encontra-se nos estudos introdutórios ao I vol. das Obras Completas do autor (pp. 15-136), de António Almodovar (ver também o artigo no Dicionário Histórico de Economistas Portugueses, 2001, pp. 221-225) e de Armando Castro.
As duas décadas e meia que se seguiram à Revolução Liberal de 1820 não foram propícias ao desenvolvimento da investigação histórica, pelo que pouco há a assinalar. Já no período imediato se registaram novidades. Em primeiro lugar, temos a monumental obra historiográfica de Alexandre Herculano (1810-1877) que provocou uma autêntica revolução na perspetiva e no método de fazer história, conferindo-lhe um caráter científico e de rigor, do que muito beneficiaram as futuras gerações. Da sua obra historiográfica – sem olvidar a relevante produção literária –, salientam-se: História de Portugal: 1.ª época, desde a origem da monarquia até D. Afonso III (1846-1853); História da Origem e estabelecimento da Inquisição em Portugal (18541859); e Portugaliae Monumenta Histórica (1856-1873). Embora as questões económicas não tivessem merecido de Herculano especial atenção, o seu contributo deve ser lembrado.