Joaquim Pedro de Oliveira Martins (1845-1894) foi outra figura maior da nossa historiografia, cuja obra é vastíssima e multifacetada, contemplando vários temas das ciências humanas e sociais. Impedido de prosseguir estudos liceais (por ter ficado órfão de pai, em 1857), trabalhou em atividades diversas: comércio, administrador de uma mina em Espanha (Santa Eufémea, Córdova), construção do caminho de ferro do Porto à Póvoa e elaboração do Inquérito Industrial de 1891 (Região Norte). Politicamente, exerceu as funções de deputado, por Viana do Castelo, administrador da “régie” dos tabacos e ministro da Fazenda (em 1892, durante 4 meses). Foi não só um grande escritor e intelectual, como eminente historiador, não pela profundidade da investigação arquivística mas pelo estilo, criatividade e arrojo das interpretações com que perspetivou a realidade histórica portuguesa, tendo influenciado muito futuras gerações de investigadores (João Lúcio de Azevedo, António Sérgio, Magalhães Godinho e outros). Encarava com pessimismo a historiografia do seu tempo, que considerava extinta, desde a publicação da História de Portugal, de Herculano (Oliveira Martins, «Notas sobre a historiografia em Portugal», 1972, p. 604).
Da sua vasta obra económica, sobressaem: A circulação fiduciária (1878), Política e Economia Nacional (1885) e o Projecto de Lei do Fomento Rural (1887). Este foi apresentado ao Parlamento, tendo beneficiado do parecer e contributo do seu amigo Alberto Sampaio. Nestes e noutros trabalhos, o autor foca temas tão variados como a emigração e o fomento agrário, a industrialização e o desenvolvimento, a propriedade e a circulação fiduciária. Também vulto destacado da historiografia do período em análise foi Alberto Sampaio (1841-1008), para cuja obra e sua relevância se tem vindo a chamar a atenção, especialmente desde as comemorações dos 150 anos do seu nascimento (1841-1991), em Guimarães (Actas…, 1995) e das realizações levados a cabo, aquando de centenário do seu falecimento (1908-2008), no âmbito das quais foi reeditada a sua obra (Sampaio, 2008). Concluídos os estudos preparatórios, dirigiu-se a Coimbra, em cuja Universidade cursou Direito, tal como seu irmão José Sampaio. Após a conclusão dos estudos universitários (1863), rumou a Lisboa, a fim de aí trabalhar, mas não lhe agradou a experiência, pelo que em breve regressou ao “seu” Minho.