O notável contributo que deu à história económica decorreu da perspetiva que dela tinha: «o apetrechamento técnico e as relações de produção e distribuição condicionam toda a orgânica social e que aquelas e estas condicionam, de maneira geral, a cultura e a política. Em suma: a economia exerce uma influência sobe todos os aspectos da vida humana (em parte devido precisamente à sua universalidade)» (apud J.Romero Magalhães, Idem, p. 5). Acrescente-se, ainda, que Vitorino Magalhães Godinho foi um dos lídimos representantes da escola histórica dos Annales, revelando a sua vasta obra algumas das inovações mais relevantes daquela, como já foi devidamente sublinhado, a saber: a) interdisciplinaridade e história total unificada; b) história como uma elaboração intelectual; c) outras construções de história; d) e história como uma leitura do presente e o futuro à luz do passado (José Luís Cardoso, «Vitorino Magalhães Godinho...», 2014, pp. 108-113; ver também Luís Adão da Fonseca, «Vitorino Magalhães Godinho», 2014, pp. 69-70). Contributo também relevante para a história económica foi dado por Armando Castro (1918-1999). Realizou nesta cidade os estudos primários e secundários, após os quais frequentou o curso de Direito na Universidade de Coimbra (1936-1941), na qual se licenciou em Ciências Jurídicas (1941) e se especializou em Ciências Jurídico-Económicas (1942).
A sua vasta obra, no âmbito da história económica e social, foi elaborada em grande parte à margem do meio universitário, uma vez que foi impedido de prosseguir carreira académica até à revolução de 1974, quando finalmente foi contratado como professor catedrático da Faculdade de Economia da Universidade do Porto (Bastien, 1996; 2001). Simultaneamente com o exercício da advocacia e como publicista, foi-se dedicando à investigação em história económica e social, bem como à teoria e epistemologia das ciências e da história, tendo publicado diversos trabalhos nas referidas áreas (José Amado Mendes, Op. Cit., 1996, pp. 315-318). Nas suas pesquisas manteve-se fiel à sua mundividência marxista, aplicando à investigação histórica a metodologia e perspetiva de análise alicerçadas no materialismo histórico. Como já foi salientado, a publicação do estudo de Armando Castro, Alguns aspectos da agricultura nacional (1945), foi «porventura o primeiro acontecimento significativo» da corrente marxista que surgiu no pós-guerra, para além da síntese neoclássica-keynesiana (Carlos Bastien, A divisão..., 2000, pp. 21-22).