A História Diplomática acompanha a evolução da própria Diplomacia e está na origem da profunda modificação que o séc. XIX trouxe ao campo historiográfico. Krzysztof Pomian (“L’histoire de la science…”, 1975, pp. 935-952) considera-o mesmo a belle époque da História, um tempo em que era considerada «ciência», não uma ciência qualquer, mas sim uma das ciências fundamentais do espírito, um modelo de objectividade que descrevia o que «realmente» se passou. Mas já nos finais do século, filósofos, sociólogos e mesmo historiadores explicavam que as noções até então consideradas evidentes e que serviam de base às pretensões «científicas» da História – os factos dados como estabelecidos de «uma vez por todas», as «leis» de desenvolvimento e de progresso – não passavam de um puro engano, de uma ingenuidade ou mesmo de um logro. De qualquer forma, esta evolução não significa o abandono da concepção de uma História científica, nem invalida o contributo da História Diplomática desenvolvida no séc. XIX para o aparato crítico e documental da História enquanto disciplina.
Na origem das palavras Diplomática e Diplomacia está o substantivo diploma e, com ele, a ambiguidade dos termos. No grego clássico, δίπλοή significa duplicidade e o substantivo neutro δίπλωμα formou-se a partir da palavra διπλόοζ (duplo, que se dobra em dois) com o sufixo μα (que assinala um objeto), neste caso concreto um folio com frente e verso ou dobrado em dois, frequentemente uma autorização de viagem, com estatuto de documento oficial na medida em que conferia certas facilidades ao seu possuidor. Na Idade Média, o termo passou a aplicar-se aos documentos solenes das chancelarias régias, especialmente os que diziam respeito aos acordos celebrados entre os soberanos.