Terá sido nos finais do séc. XVIII que se generalizou o termo «diplomacia», provavelmente divulgado através das cartas de Edmund Burke sobre a Revolução Francesa (Letters on a Regicide Peace, 1796). Opunha-se às tentativas de paz com o Directório, conduzidas por William Pitt, utilizando a expressão double diplomacy. Em 1797, a palavra entrou definitivamente no dicionário da Academia Francesa para designar a «ciência das relações externas», a qual tem por base os diplomas ou «actos escritos», emanados pelos soberanos, distinguindo-se, claramente, de Diplomática, cujo objecto se limita à determinação da autenticidade dos documentos. De qualquer forma, no início do séc. XIX, o termo Diplomacia aparece, claramente, no título da obra Histoire Générale et Raisonnée de la Diplomatie Française, publicada entre 1808-1811. Para o seu autor – Gaëtan de Raxi de Flassan (1760-1845), à data chefe de gabinete de Talleyrand e nomeado historiógrafo do Ministério dos Negócios Estrangeiros por Luís XVIII, depois do Congresso de Viena (1815) – «a Diplomacia é a expressão que desde há um certo número de anos designa a ciência das relações externas, tendo por base os diplomas ou actos escritos provindos dos soberanos», com a vantagem de designar com precisão o seu carácter instrumental e com um papel intermediário nas relações do centro de decisão com os outros Estados. Segundo o autor, a sua força provinha do facto de conter tudo o que era suscetível de assegurar a paz e provocar a guerra e a sua origem, abstraindo das formas, remontava à primeira reunião dos homens em corpo nacional, desde que tiveram propriedades para defender, vizinhos a recear, amigos a proteger, satisfações a exigir.
De acordo com Charles de Martens (Guide Diplomatique..., 1832)do ponto de vista teórico, a Diplomacia «baseia-se em preceitos mais ou menos positivos e num objeto preciso e distinto, o de regularizar as relações que existem ou devem existir entre os diversos Estados, ordenando e dirigindo as negociações políticas». Quanto à expressão «diplomata», que entra no vocabulário político por volta de 1830, encontra-se ausente da Acta final do Congresso de Viena (1815), que ao regulamentar, pela primeira vez, a hierarquia protocolar que rege as relações internacionais (Anexo XVII) usa as expressões Agens Diplomatiques ou Employés Diplomatiques e também ainda não aparece na 4.ª edição do Dicionário de Morais Silva (1831), que se limita a distinguir «a Arte ou Sciencia diplomática, de entender os diplomas, e documentos públicos antigos» da «Sciencia dos negociadores políticos, e suas etiquetas, e cerimoniáes, tudo o que é de officio, estilos e usos do Corpo Diplomático».