O corte epistemológico que marcou o desejo de ultrapassar a História Diplomática – chamando a atenção para o horizonte demasiadamente restrito das relações entre governos, entre chancelarias e entre diplomatas – para o estudo daquilo que verdadeiramente interessava, as relações entre os povos, foi obra de Pierre Renouvin, com a edição da monumental Histoire des relations internationalles (8 vols., 1953-1976) e o programático artigo que publicou na Revue Historique, que dirigia, «L’Histoire contemporaine des relations internacionales...» (1954, pp. 233-255). Há mais de vinte anos que trabalhava sobre a noção de «forças profundas», articulando-a com o quadro do acontecimento. Ao lado das «forças materiais» – condições geográficas, movimentos demográficos, interesses económicos e financeiros – considerava a influência das «forças espirituais» ou das «mentalidades colectivas» no desenvolvimento das relações internacionais, particularmente as correntes de pensamento, o sentimento nacional e os nacionalismos. Os seus estudos e os dos seus discípulos, nomeadamente Jean-Baptiste Duroselle, com quem descreveu e analisou mais detalhadamente estas diferentes «forças profundas» na Introduction à l'histoire des relations internationales (1964), marcaram a passagem da História Diplomática tradicional para a História das relações internacionais, recebendo um acolhimento entusiástico na revista Annales, numa recensão da autoria de Marc Ferro (1965, pp. 175-178), na qual lembra a importância do contributo de Raymond Aron para a renovação em curso neste domínio.
O contributo de Duroselle foi essencial na medida em que estudou o «homem de Estado», o que o levou a considerar a influência das «forças profundas» no processo de decisão política, através do lugar que o decisor ocupa na sociedade, a qualidade da sua formação, a escolha dos seus conselheiros, as suas redes de sociabilidade e, também, as circunstâncias e o ambiente do momento. Em Tout empire périra. (1981) deu conta do caminho percorrido, que é, no fundo, o resultado de um largo inquérito interdisciplinar, no qual se manifestam, especialmente, os mais recentes contributos da ciência política anglo-saxónica.