A necessidade de reorganização das fontes foi também sentida por António Ferrão que, inspirado pela visita que realizara aos Arquivos históricos do Ministério dos Negócios Estrangeiros de França, publicou as suas reflexões acerca Da importância dos documentos diplomáticos em História (1917) e apresentou à Academia das Ciências uma proposta que apelava à organização, inventariação e catalogação, em bases uniformes, dos arquivos históricos de Portugal: Torre do Tombo, Biblioteca Nacional, Biblioteca da Ajuda e Ministério dos Negócios Estrangeiros. Seguindo o exemplo francês, exortava à publicação das instruções, correspondência oficial e memórias dos diplomatas, nomeadamente aqueles que, das primeiras embaixadas da Restauração a meados do século XVIII, em seu entender, melhor representaram a política externa portuguesa. Um périplo através dos arquivos diplomáticos estrangeiros – França, Inglaterra, Itália, Vaticano, Bélgica, Holanda, Alemanha, Áustria-Hungria e Espanha – permitiu-lhe dar conta do trabalho realizado em termos da organização desses serviços e da publicação das suas peças, que desejava ver seguir também em Portugal. Indignava-o, especialmente, o alheamento português face à abertura dos arquivos do Vaticano, onde já funcionavam missões e institutos oficiais de várias nacionalidades.
Apesar das colecções de Tratados de Judice Bicker (1881-87), de Borges de Castro (1890-1921) e da Academia das Ciências de Lisboa, que continuaram o trabalho do Visconde de Santarém, pouco ou nada se fez quanto a publicação de actas, protocolos, instruções, despachos, relatórios ou correspondência particular dos diplomatas, ao contrário do que aconteceu em França, nomeadamente a já referida iniciativa de publicação das instruções dos embaixadores, cujo volume III é relativo a Portugal, prefaciado e anotado pelo Visconde de Caix de Saint-Aymour (1886). Quarenta anos mais tarde, o embaixador Luiz Teixeira de Sampaio deu conta das colecções do Arquivo Histórico do Ministério dos Negócios Estrangeiros (1926) e Os Estudos de História Diplomática em Portugal (1928), de António Ferrão, voltaram a acentuar a importância da publicação dos repositórios documentais e a chamar a atenção para a insuficiência do caminho percorrido.