As ferramentas empírico-descritivas da historiografia tradicional, o relevo atribuído ao Estado e às relações de poder manifestavam-se insuficientes para captar todos os aspectos do real e também as forças do irracional e do imaginário presentes nos processos de decisão. A Ciência Política e a Antropologia Histórica deram os primeiros sinais de renovação. Por um lado, perante a mundialização deparamo-nos com a tendência para a desvalorização da autonomia do Estado. Numa perspectiva sociológica, parte-se da base, analisando as práticas e os repertórios simbólicos da violência. Do ponto de vista de certas correntes transnacionalistas, evidencia-se a constituição e a acção dos fluxos económicos ou dos movimentos ideológicos para além do Estado. Por outro lado, a Antropologia Histórica também contribui para uma reavaliação da acção política. Então, a diplomacia pode ser interpretada como uma prática ritual, inscrita num sistema destinado a dar sentido à relação entre os Estados. Sem negar a centralidade do Estado na História diplomática e das relações internacionais, fica claro que, embora essencial, não é o único actor. Aliás, longe de ser homogéneo, tem subjacente toda uma série de interacções realizadas pelas sociedades.
A História Diplomática tradicional, tal como nasceu no séc. XIX, baseada na crítica textual e na recolha de documentos manuscritos provenientes das chancelarias régias para reconstituir os acontecimentos, não dispõe de ferramentas metodológicas para o estudo da história das relações internacionais vistas como o conjunto das conexões que os grupos humanos estabelecem entre si através das fronteiras políticas. Quer isso dizer que a vertente marcadamente política da História Diplomática faz dela uma disciplina à parte, incluída no estudo mais amplo das relações internacionais?