Ao integrar a História no conjunto das ciências sociais, Lucien Febvre e Marc Bloch tinham chamado a atenção para a importância do estudo dos condicionalismos, factores e ritmos de transformação do comportamento humano, na variável tempo. O paradigma dos Annales rejeitava o primado do político, do individual e do cronológico que marcavam a História Diplomática, procurando uma história total das sociedades, onde coubesse uma multiplicidade de novos domínios. Contra o tempo linear e contínuo, Braudel propôs uma pluralidade de tempos históricos. Tratou-se de uma espécie de «revolução cultural», na expressão de Jean-Baptiste Duroselle, que varreu a história política, a história diplomática e a biografia do questionário historiográfico que se considerava inteligente, embora os historiadores americanos, ingleses e alemães tenham continuado a estudar as relações entre os Estados. Contudo, os vínculos dos novos historiadores com o legado anterior é muito maior do que os próprios reconhecem.
A tradução de uma obra dirigida por Vladimir Potiemkine veio a lume, em Paris (1946), sob o título Histoire de la Diplomatie. Tratava-se de um estudo das relações internacionais, desde a Antiguidade até 1939, com a finalidade de «contribuir para a compreensão dos problemas da política externa e para a avaliação da acção diplomática» e com a preocupação não expressa – mas bem evidente, sobretudo no volumoso Tomo III, todo ele dedicado ao período de vinte anos entre as duas grandes guerras mundiais – em justificar a política externa da U.R.S.S. Mas, apesar da notória influência da dialética marxista, a abordagem não deixa de ser, ainda, manifestamente política.