O estudo das relações internacionais implica, não apenas a política externa, mas também as relações de carácter privado. Dito de outra maneira, as «forças profundas», cuja evolução deve ser observada na longa duração. Com esse conceito, no sentido do que é colectivo e duradouro, encontrava-se uma fórmula capaz de reconciliar a história estrutural com a meramente factual, a «velha» História Diplomática. No fundo, ao considerarem o contributo da história económica, da história social e da história das mentalidades, estes historiadores aceitaram o essencial da revolução dos Annales sem, no entanto, negligenciar a história política, nem subestimar o peso do acontecimento ou o papel do indivíduo.
A personalidade do estadista deu origem a uma das mais importantes obras da historiografia luso-brasileira, Alexandre de Gusmão e o Tratado de Madrid (Lisboa, 1950), de Jaime Cortesão, arquitectada a partir dos documentos biográficos e da imensa correspondência sobre as negociações do Tratado de Madrid, dispersa nos Arquivos de Lisboa. Nas palavras do seu autor, aí encontramos «as múltiplas circunstâncias determinantes, os retratos de todos os que intervieram nas negociações e os desencontrados esforços de que resultou o convênio final, tudo ali se depara. E com que surpreendentes revelações sobre o caráter, a cultura dos homens, e a áspera luta dos interesses em jogo». Os estudos de Luís Ferrand de Almeida - desde a sua monumental dissertação de licenciatura (1957) sobre A diplomacia portuguesa e os limites meridionais do Brasil, passando pela suatese de doutoramento sobre Colónia do Sacramento na época da Sucessão de Espanha (1973) e numerosas outras publicações – embora partindo das lições da «escola metódica» francesa, abriam-se a temáticas interdisciplinares inspiradas pela escola dos Annales.