Assim como a História Diplomática acompanha a evolução da própria Diplomacia, também o desenvolvimento da Diplomacia acompanha os avanços da própria História. Enquanto a sistematização das relações diplomáticas começou a ser esboçada entre as cidades-Estado italianas do séc. XV, o Renascimento assinalou a ideia de uma História nova, global e cada vez mais perfeita graças aos progressos do método e da crítica. No entanto, a atitude foi dupla e ambígua. Por um lado, encontrava-se o sentido da diferença e da relatividade das civilizações, por outro, a busca de exemplos e de lições negavam a própria História ao fazer dela uma magistra vitae.
No séc. XVII, o congresso de Vestefália (1644-48) inaugurou o sistema internacional moderno com o princípio de soberania estatal e assistimos à definição das grandes linhas da vida internacional, que se mantiveram até ao segundo choque colonial no século XIX. A Diplomacia ultrapassa a sua habitual prática bilateral para se tornar multilateral quando se tratava da resolução dos grandes conflitos europeus e as embaixadas vão adquirindo uma maior permanência. No seu Testament Politique (1.ª ed., Amesterdão, 1688), Richelieu aconselhava a negociações incessantes, abertas ou secretas, sempre e em toda a parte, mesmo que não houvesse imediatos benefícios e apesar de serem ainda obscuros os que se podiam esperar no futuro. Por sua vez, a História encontrava na obra do beneditino Jean Mabillon (De Re Diplomática, 1681) um método baseado no recurso aos documentos originais (diplomas), distinguindo as peças falsas das autênticas. A fundação da Diplomática científica libertava a História para a busca da verdade e do aprofundamento das suas regras, baseadas nos testemunhos dos acontecimentos. Mas, apesar da novidade da crítica histórica e filológica, os eruditos do século XVII acabaram por ter uma concepção de verdade meramente material. Tratava-se de estabelecer textos e factos, apagando-se o historiador atrás dos materiais meticulosamente acumulados, na tomada de consciência de uma realidade histórica não dada, mas sim objecto de «inquérito», com a finalidade de uma difícil reconstituição.