Da matriz positivista e sociologista verteu em História das ideias republicanas em Portugal (1880) o combate político e ideológico no ápice em que a estratégia comemoracionista, “síntese afetiva das sociedades modernas”, escora o republicanismo de que era ideólogo relevante. Na área da cultura popular, ao exigir a ontogenia do programa romântico firmado por Garrett e Herculano, Teófilo contribui para o catálogo de fontes, por vezes de forma imaginosa (Romanceiro geral coligido da tradição, 1867; Hist. da Poesia Popular Portuguesa, 1867: As origens, 1902; Ciclos Épicos, 1905; Cancioneiro Popular, 1867; Contos tradicionais do povo português, 1883; O Povo Português nos seus costumes, crenças e tradições, 1885, 2 vols.; Romanceiro Geral Português, 1906), campo sondado por Adolfo Coelho e Consiglieri Pedroso. Destaque para biobibliografias: Camões (1873; 1880; 1880 bis, 1894; 1917) Camilo Castelo Branco (1916), o Judeu (António José); e coletâneas poéticas (Camões, Bocage, João de Deus). Na área da História do Teatro, avultando manifestações populares, editou materiais e sínteses. Dir-se-á, na episteme da prática historiográfica, que a obra é sobredeterminada pelo positivismo estreito e condicionada pela agenda política do proselitismo republicano que lhe retiram rigor analítico e a compreensão desapaixonada dos problemas que debateu. Com inerentes e unilaterais paralaxes do programa e vícios mesmos de petição inicial que lhe conferiam aparente solidez, debilitando-a afinal na instância epistemológica, a obra de Teófilo é referência na transição XIX-XX na história da cultura, quer pelas incursões «institucionais», quer literárias, que tentou mover ao plano das grandes sínteses explicativas. Mas se estas satisfaziam e abriam evidentes propósitos didáticos, por outro lado, fechavam-se numa suma dogmática.
Dada a generalizada constatação, post 1870-90, e denúncia intelectual da degenerescência (M. Nordau), versão neodarwinista da «decadência», o dogma ipseísta da «cultura portuguesa» passará a ser, nas mãos dos diversos nacionalismos, bastião das batalhas que nacionalizam quase todos os ramos do saber: na Águia e na Renascença Portuguesa acartam-se materiais, oriundos das estratigrafias lírica e onírica, para uma reconstrução mítica, depois encadeada em manifestos ontológicos por Teixeira de Pascoais (Saudosismo; A Arte de ser português); Lusitânia é o legítimo estandarte do grupo de investigadores que indagam estirpes autóctones na etnologia, filologia (Leite de Vasconcelos, J. M. Rodrigues, Carolina Michaëllis), em breve abusivamente vertidas na antropologia mugense (Mendes Correia); na arquitetura é coeva a disputa da «casa portuguesa», que Raul Lino provoca; nas artes plásticas descobrem-se «primitivos portugueses» e a infinda contenda dos painéis de S. Vicente; por fim, no crescente isolamento internacional que a ditadura (e a sociedade portuguesa) vive entre os desfechos da II guerra mundial e das guerras coloniais, o achado de uma «filosofia portuguesa» será o canto do cisne das excentricidades sudocidentais da Europa, à época em que já não faturavam no mercado cultural e expunham o dédalo ex-cêntrico, periférico, dessas ilusões.