É Mário Júlio de Almeida Costa o discípulo directo e dilecto de Braga da Cruz. Tal como o seu Mestre, prosseguiu a renovação da ciência histórico-jurídica, quer no plano da docência, quer no campo da investigação. Começou por se embrenhar no direito institucional medievo, de que constituem uma subida expressão as dissertações que o guindaram à cátedra de História do Direito em Coimbra. Não devem ainda esquecer-se os múltiplos estudos que desenvolveu no período da formação do direito português moderno e a intervenção relevante que teve em aspectos fulcrais da história do pensamento jurídico nacional. À semelhança de Braga da Cruz, nunca se confinou à aridez de uma seca exegese das fontes, divorciada de laços culturais que envolviam os temas pesquisados. Pelo contrário, a ênfase simultânea que, pertinazmente, atribui aos valores e ao teor contextual para melhor apreender a problemática em foco timbrou, a cada passo, a sua própria intenção metódica. Pertence a Almeida Costa o indiscutível mérito de haver trazido a história do direito até aos nossos dias. Abeirou-a do presente e, nessa medida, aproximou-a de estudantes e de juristas.
Bibliografia: Albuquerque, Martim de, História das Instituições, Lisboa 1985; Caetano, Marcelo, Lições de História do Direito Português, Coimbra, 1962; Costa, Mário Júlio de, “O Direito (Cânones e Leis)”. História da Universidade em Portugal, Coimbra, 1997; História do Direito Português, 5.ª ed., Coimbra, 2014; Cruz, Guilherme Braga da, História do Direito Português, Coimbra, 1955; Marcos, Rui Manuel de Figueiredo, A História do Direito e o seu Ensino na Escola de Coimbra, Coimbra, 2014; MELO, Pascoal José de, História do Direito Civil Português. Tradução de Miguel Pinto de Meneses, Lisboa, 1968, Separata do Boletim do Ministério da Justiça, n.os 173-175, Fev.-Abr., 1968; Merêa, Paulo, “De André de Resende a Herculano. Súmula histórica da história do direito português”. Estudos de História do Direito, Coimbra, 1921; MERÊA, Paulo, Esboço de uma história da Faculdade de Direito (1.° período: 1836-1865), Coimbra, 1952, Separata do Boletim da Faculdade de Direito, vol. 28, pp. 99-180; Moncada, Luís Cabral de, “Um iluminista português do século XVIII: Luís António Verney” Estudos de História do Direito, vol. III, Coimbra, 1950;