Numa parte significativa dos casos, mesmo entre homens com actividade política paralela, o passado mais remoto permaneceu até como o foco principal de interesse, como em Luciano Cordeiro, Conde de Sabugosa ou José Silvestre Ribeiro. Mas teve vários adeptos entre historiadores de pleno direito e chegou mesmo a congregar esforços de académicos e outros literatos, nomeadamente através da colaboração em publicações periódicas mais ou menos especializadas.
Em 1870, por exemplo, Luís Rebelo da Silva fazia sair a lume os Varões ilustres das três épocas constitucionais, onde coligia artigos previamente publicados na imprensa periódica. Uma fatia substancial dessas notícias, acompanhadas de retratos, tinha aparecido na Revista contemporânea de Portugal e Brasil (RCPB), a mesma onde haviam participado autores de formação tão variada como Latino Coelho, Pinheiro Chagas, António Feliciano de Castilho, Inocêncio da Silva, Mendes Leal, Júlio César Machado e Teixeira de Vasconcelos, todos eles empenhados redactores de trabalhos biográficos e a maioria com estudos em torno de figuras do passado remoto: Latino Coelho editaria as vidas de Garrett e Castilho (1917), a partir de artigos surgidos nas revistas Panorama e Portugal artístico e na já referida RCPB, ainda que a sua actividade de biógrafo tenha ficado antes de mais marcada pelas obras sobre Pombal e, na celebrada “Galeria de varões ilustres de Portugal”, da editora Corazzi, sobre Camões e Vasco da Gama; Pinheiro Chagas, para além de outras biografias de maior fôlego, adoptou com sucesso o modelo da colectânea para o grande público e para as escolas com Portugueses ilustres (1869), pequeno volume em que se ocupava de grandes vultos portugueses desde os prolegómenos da nação; António Feliciano de Castilho, como menos expressivamente o irmão José Feliciano, ia dedicando, paralelamente à actividade jornalística, extensos estudos biográficos às vidas de escritores da época moderna; mesmo as Glórias portuguesas de Teixeira de Vasconcelos (cuja matéria fora fornecida pela Gazeta de Portugal) obedeciam – como convinha a um membro da ACL e da SGL – ao prurido crítico do “historiador”, que rejeitava o retrato de personalidades ainda vivas (T. Vasconcelos, Glorias portuguezas, 1869, p.viii).
Como a RCPB, outras publicações pela mesma data fizeram da notícia de vida, em particular de figuras coevas, e muitas vezes dos respectivos retratos (considerados como auxiliares no processo de reconstrução biográfica), a âncora da publicação.