Mais ou menos populares, dependendo do público-alvo, elas foram-se sucedendo ao longo da segunda metade do século, conquanto com longevidade variável: o Álbum: publicação foto-biográfica, o Arquivo biográfico (de que terão mesmo esgotado alguns números) ou os Retratos de homens ilustres do século XIX, sobretudo assentes na reprodução de imagens, mas também, em alguma medida e apenas a título de exemplo, o Arquivo Pitoresco (onde Inocêncio publicou com abundância), a Ilustração, a Gazeta de Portugal – as duas últimas ligadas a Teixeira de Vasconcelos – e, acima de tudo, o Plutarco português (1881), título que vinha acompanhado da sugestiva legenda Colecção de retratos e biografias dos principais vultos históricos da civilização portuguesa.
Contando, nos escassos fascículos saídos a público, com a colaboração de autores de nomeada, no interior ou nas franjas do circuito académico (Teófilo Braga à cabeça, para além de Oliveira Martins, Joaquim de Vasconcelos, Carolina Michaëlis de Vasconcelos ou Júlio de Matos), o Plutarco português constituiu nesta área, porventura, um dos exemplos mais evidentes e acabados, mesmo que não mais populares, da tentativa de intervenção da comunidade letrada na esfera pública. Essa “história com nomes”, como se lhe referiu Teófilo no texto de abertura sobre a “teoria dos grandes homens”, era afinal o veículo de eleição, dos sectores mais conservadores aos de vanguarda, para promover o contacto com um público mais vasto. O Plutarco... optara, porém, por um estilo demasiado erudito para, no panorama português, poder competir com a linguagem deliberadamente simples e acessível de que a imprensa mais popular – e, alegadamente, democratizante – fazia uso. (T. Braga, “Theoria dos grandes homens”, 1881, p.vi)
Na imprensa periódica e nas edições de pequeno formato, tanto quanto nas monografias dedicadas a grandes vultos ou nas “biografias universais” de que falava Pinheiro Chagas, ia tomando forma um primeiro esboço de um corpus biográfico nacional ou, num formato mais alargado que o original, aquilo a que Garrett chamara um “Plutarco da mocidade”, cujos princípios e conteúdo expôs no extenso ensaio sobre a educação dedicado a Dª Maria II.