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(1911-1974) | ||||||||||||
A criação do Curso Superior de Letras dá-se no contexto de uma intervenção decisiva do monarca D. Pedro V em 1858, visto que em 1857 José Maria de Abreu já tinha apresentado na Câmara Electiva uma proposta de Projecto-lei nesse sentido sem, no entanto, reunir consenso para avançar. O decreto, datado de 30 Setembro de 1858, alocava verbas para a criação do curso, o qual se veio a efectivar em 1861, com a abertura e primeiras aulas a 14 de Janeiro desse ano. Era então à data Director Geral da Instrução Pública José Maria de Abreu, o que parece confirmar o seu papel de relevo nesse programa educacional, uma vez que a estrutura do curso segue os moldes que tinha delineado no seu projecto. O idealizado Curso Superior de Letras seria nessa proposta inicial constituído por 5 cadeiras, sendo que 2 a 3 delas teriam uma estreita ligação aos estudos históricos. De facto, as valências de estudo do curso apontavam para as áreas da história, filosofia e literatura, vindo mais tarde a alargar-se à linguística, bem como a outras áreas do saber então em ascensão como a sociologia e a psicologia. Um dos objectivos era claramente colmatar o atraso nos estudos historiográficos verificado em Portugal, que se encontravam então ainda longe das tendências de investigação, científica e crítica, que se vinham disseminando pela Europa. Isso é notado desde logo pela ausência de um curso superior com incidência na área das humanidades. Esta área de conhecimentos apenas era abordada na Universidade de Coimbra como propedêutica de outras áreas, sobretudo em estudos de cariz eclesiástico e no direito, que mantinha maior diálogo com temas históricos, ainda que de forma insuficiente e sempre ligada a temáticas jurídicas. Desse modo, propostas para a criação do Curso Superior Letras recairiam não apenas sobre Lisboa, mas também Coimbra. Procurava-se com isso suprir uma ausência transversal do ensino de nível universitário nas áreas do saber abordadas naquele programa de estudos. A criação de um curso semelhante em Coimbra foi um dos pontos de difícil consenso, uma vez que, dados os parcos recursos, dá-se a sua abertura somente em Lisboa. Pelo que se podem ler protestos em jornais e revistas coimbrãs (por ex. O Instituto de Coimbra), reclamando igual medida nessa cidade, tal como José Maria de Abreu tinha inicialmente contemplado. 1 | 2 | 3 | 4 | 5 | 6 | 7 | 8 | 9 | 10 | 11 | 12 | 13 | 14 | 15 | 16 | 17 | 18 | 19 | 20 | 21 | 22 | 23 | 24 | 25 | 26 | (Pdf) |
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