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(1911-1974) | ||||||||||||
Apesar das noções de decadência e progresso acompanharem as bases teóricas da sua investigação histórica, deixam de ser vistas isoladamente, adoptando uma visão dialéctica acerca de ambas. Decerto com um sentido de teor essencialista, contudo em última instância segue aqui a proposta voluntarista de Herculano, ainda que menos moralista, modificada por uma orgânica delimitadora, tão em voga depois nas teorias rácicas dos finais do século XIX, ou seja, dentro das características próprias do homem, ou de um povo, é a vontade que traça o seu destino. Porém, bem vistas as questões, no fundo, isso dilui-se em ambos num vago providencialismo, já não religioso, como alguns fizeram notar, mas antes abstracto ainda que nele o divino possa despontar. Em todo o caso, o docente de história do curso superior marca uma viragem nos estudos históricos, através da fundamentação documental assente na investigação dos séc. XVI-XVII com minuciosos estudos económicos e sociais da época. Neles procurava os motivos por detrás da evolução de Portugal até à situação presente, que se foi deslocando aparentemente para uma posição marginal. Esses estudos de carácter académico foram a base para as obras de muitos outros historiadores como, por exemplo, Oliveira Martins. Este último colheu os dados por ele apresentados, bem como algumas ideias e teorias que desenvolveu, e deu-lhes a forma popular da literatura de divulgação. Não quer isso dizer que Rebelo da Silva estivesse arredado da educação popular, bem pelo contrário. A sua noção de patriotismo assim como a exaltação da consciência e memória histórica do povo português foram uma preocupação constante, ainda para mais face à possibilidade da união ibérica, ou são até talvez uma das razões de ser do seu labor historiográfico. Além de ter grande influência sobre o conselho geral de instrução pública, do qual era membro, ele vai propor, por exemplo, o Compêndio de História Nacional para uso nas escolas e liceus. Algo inovador dado que essa obra fazia uso do método regressivo, precisamente para marcar o peso do passado no presente. Contudo, jamais devemos menorizar as críticas vindas de sectores mais tradicionalistas, como por exemplo José Viale, em vista da preponderância dos seus manuais de história no ensino médio. Até porque Rebelo da Silva não lhe deve ter ficado indiferente, uma vez que o seu último programa 1870-71 coloca maior ênfase na história nacional, em vez de maior diálogo com a dimensão universalizante que encontramos na história universal filosófica. Já o programa de 1865-66, com o título “A civilização na Europa nos séculos XVII e XVIII”, alargava-se nesse sentido, sobre a perspectiva da história europeia, com a última parte referente a Portugal mais sucinta. 1 | 2 | 3 | 4 | 5 | 6 | 7 | 8 | 9 | 10 | 11 | 12 | 13 | 14 | 15 | 16 | 17 | 18 | 19 | 20 | 21 | 22 | 23 | 24 | 25 | 26 | (Pdf) |
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