Todos esses factores foram um entrave à expansão das humanidades em Portugal, particularmente no que se refere ao Curso Superior de Letras. Tendo em conta a problemática anterior, coloca-se desde logo a questão do nível de aprofundamento dos conhecimentos históricos, filosóficos e literários. Seriam estes abordados sobre um prisma de vulgarização e reprodução de conhecimento já adquirido? Ou é requerida antes de mais uma investigação metódica capaz de criação científica, adequada à realidade nacional, tão necessária no panorama cultural do Portugal contemporâneo?

Este último ponto de vista era defendido por Adolfo Coelho, mesmo antes de entrar para o corpo docente da instituição, nas Conferências do Casino lisbonense em 1871. Teófilo Braga, por seu turno, tinha também ele um projecto de reforma para a instituição, nele acentuar-se-ia a dimensão sociológica, com marcada intenção de cultivar e dinamizar um espírito de cidadania, próximo do ideário republicano. Parece notório que condicionantes político-ideológicas e interesses pessoais ditaram igualmente os rumos da História, o seu programa curricular e incidências temáticas, para além das tendências intelectuais inerentes à própria disciplina.

Este último aspecto, relativo à história intelectual, é uma das vertentes de investigação mais interessantes, com certeza merecedora de um olhar mais atento, visto que ao longo da existência do Curso Superior de Letras se foram afirmando diferentes correntes intelectuais no domínio dos estudos históricos. Isso deveu-se a características individuais dos docentes, mas também desde logo a traços fundamentais incutidos no programa aquando da sua fundação. Por isso rejeitaram-se alguns candidatos a nível administrativo, apesar da aprovação parcial por parte do corpo docente, uma vez que não reuniam as condições para o exercício da actividade, segundo os princípios delineados ao nível de decisores políticos, os quais imprimiram primeiramente as direções que o curso deveria tomar.

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