Pelas descrições do público, Rebelo da Silva seria a figura maior do Curso Superior de Letras. Isso deveu-se não só ao prestígio da sua obra de investigação, mas também pelo estilo de conferência que as aulas do Curso adquiriram, quase casa de espetáculos, o qual este soube aproveitar. Orador exímio, movia pequenas multidões para as suas aulas que poderiam chegar à centena. Discursava de improviso acerca da história da humanidade, prendendo a atenção com as suas descrições, figuras, imagens e apreciações largas, segundo nos relata Bulhão Pato. Também as aulas de Sousa Lobo e Jaime Moniz seriam populares, o que demonstra o interesse do público pela história, pois tomavam parte não apenas alunos, mas igualmente público em geral.

Por fim, cabe aprofundar a cadeira em que a filosofia da história se fazia mais notar que, como mencionado anteriormente, era lecionada por Jaime Moniz. O provimento para a 5ª cadeira de História Universal Filosófica é feito por concurso. Houve outros candidatos, mas desconhece-se o conteúdo das teses apresentadas. O concurso tinha por tópico “Da natureza e extensão do progresso, considerado como lei da humanidade, e sua aplicação às belas artes” e deu-se no formato de várias lições avaliadas pelo júri, em particular a tese final dos vários candidatos. Vindo a ser nomeado Jaime Moniz, então com apenas 25 anos, para a regência da cadeira.

Apesar do programa de 1865-66 colocar foco apenas na civilização egípcia é, contudo, de supor que outras temáticas relacionadas com teoria da história seriam abordadas, pois Jaime Moniz era seguidor da filosofia da história. Era não só adepto dessa visão filosófica como também germanófilo convicto, adoptando e recomendando sobretudo autores alemães para as suas lições. Ele mantém contacto com o universo cultural germânico, por exemplo, com regulares temporadas de estadia em Hamburgo.

Consequentemente, encontramos nele sobretudo as marcas do idealismo alemão, mormente de Hegel. No entanto, o peso das ciências naturais e do discurso positivista também vão ter reflexo nas lições de Jaime Moniz. Esse é provavelmente um desenvolvimento progressivo, relacionado com tendências gerais do conhecimento científico. Um outro programa conhecido de 1885-86, por sinal bem mais abrangente e elaborado, é claro a esse respeito quando divulga ideias de Friedrich Von Hellwald, um historiador de orientação evolucionista, segundo a tradição de Darwin, que é próximo do naturalista e filósofo Ernst Haeckel.

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