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(1911-1974) | ||||||||||||
A adição de Adolfo Coelho foi também um dos pontos marcantes do curso, visto ser ele um grande crítico da direção científica e dos modelos seguidos nele, procurando uma viragem para a vertente de investigação, em vez do formato palavroso ao estilo das faculdades de letras francesas. A entrada de Adolfo Coelho dá-se no contexto da mais significativa reforma do curso no decorrer do séc. XIX, pois além da cadeira de filologia, regida por ele, foi criada a cadeira de sânscrito, passando o curso a constituir-se por 7 cadeiras. A cadeira de sânscrito significou avanços nos estudos históricos orientais, e a partir dessa cadeira divulgaram-se conhecimentos sobre esse ramo da história, que se encontrava então em ascensão por toda a Europa, numa clara popularidade do orientalismo vinculado ao colonialismo do final de oitocentos. Sendo que o próprio orientalismo também se revela como uma tendência, próxima das teorias rácicas sobre o arianismo, que remetia, por exemplo, a história da evolução humana para um certo mistério de tradições esotéricas. Foi nomeado para essa cadeira Vasconcelos de Abreu que, além de viajado pelo oriente, tinha realizado estudos de sânscrito e línguas antigas orientais nos principais centros de investigação da França, Alemanha e Inglaterra. Com Adolfo Coelho iniciam-se os estudos de filologia comparada em Portugal sendo que, segundo relato de Busquets de Aguilar, terá estudado na Alemanha, fazendo todo o sentido dado o seu germanismo, mas pouco se sabe acerca dessa estadia (Veja-se a entrada a seu respeito neste Dicionário da autoria de Ivo Castro). Em todo o caso, esse alargamento do curso vai de forma indirecta ajudar a investigação histórica, uma vez que o aprofundar de questões filológicas permitiu desenvolver a hermenêutica linguística de textos do passado histórico. As tendências seguidas por Adolfo Coelho seguem de perto a tradição científica alemã, alicerçada filosoficamente na linha do hegelianismo, correspondendo-se com vários intelectuais marcantes da Alemanha, tendo Karl Marx inclusive lhe enviado uma cópia de O Capital (segundo um leilão recente dessa obra com nota manuscrita endereçada a Adolfo Coelho). É também na pedagogia que essa influência se vai notar, vindo depois a acentuar-se quando passa a lecionar a cadeira de Pedagogia. Ele vai sobretudo reflectir acerca da relação entre a cultura intelectual (de elites) e a cultura popular, ligando-se ao renovamento pedagógico germânico, em particular a Fröbel e Pestalozzi. 1 | 2 | 3 | 4 | 5 | 6 | 7 | 8 | 9 | 10 | 11 | 12 | 13 | 14 | 15 | 16 | 17 | 18 | 19 | 20 | 21 | 22 | 23 | 24 | 25 | 26 | (Pdf) |
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